Escolas, centros de educação infantil e creches primeiro passo estão se preparando para os bailinhos de Carnaval dos alunos da rede pública do município. Para além da festa, o tema é trabalhado de forma transversal em sala de aula, proporcionando novos aprendizados.
“O Carnaval é uma importante expressão cultural no nosso país, é fruto de diversas influências dos povos que constituíram o Brasil e está presente no cotidiano. Assim, apresenta-se como uma fonte muito rica de possibilidades em sala de aula, podendo ser trabalhado em todas as disciplinas, desde artes, música e inglês até matemática e geografia”, diz Ivone Portela, gerente de currículo da Secretaria Municipal da Educação (Smed).
Partindo dessa premissa, a Escola Municipal Luiza Mahim, localizada em Armação, está desenvolvendo um amplo projeto, envolvendo todos os professores e alunos. Nas aulas de História, por exemplo, está sendo trabalhado a história do Carnaval na Bahia. As marchinhas são utilizadas nas aulas de Língua Portuguesa. As questões sociais e de meio ambiente relacionadas à festa são estudadas em Ciências e Geografia.
Nas aulas de matemática do 6º ano, foi proposto aos estudantes que se inspirassem em algum momento que viveram relacionados ao Carnaval para fazer um desenho utilizando figuras geométricas. Os professores de Educação Física estão preparando, com as turmas dos 8º e 9º anos, os blocos para desfilarem no dia do Grito de Carnaval, que será na quarta-feira (15).
A coordenadora pedagógica da escola, Mariana Soledade, explica que esse trabalho integra um grande projeto, a ser trabalhado durante todo o primeiro semestre, que trata das festas populares na Bahia. “Temos como objetivo o resgate da identidade. Pensar na nossa identidade, como baianos, a partir dos festejos”, afirma. “Vamos trabalhar a importância, a origem e a construção dessas expressões culturais, dos costumes, abordando ainda a ancestralidade, os povos originários, o respeito, o combate ao racismo e à intolerância religiosa.”
Ela destaca, ainda, que no dia da festa, a escola estará toda enfeitada com materiais produzidos pelos alunos nas aulas de artes. Entre as atrações, estará um desfile de fantasias, produzidas com material reciclado pelos alunos dos 6º e 7º anos também no contexto do projeto. “Outro ponto importante desse projeto é o resultado dessa abordagem pedagógica ligada à vivência cotidiana, o que traz mais proximidade e uma forma mais envolvente de estudar. A animação na escola está grande. Teremos uma festa muito bacana”, conclui Mariana.
Tradição – Resgatar a história do Carnaval na Ilha de Maré, um dos territórios quilombolas de Salvador, é o foco do trabalho desenvolvido pela Escola Municipal de Santana – unidade localizada na ilha e que tem 51 alunos da Educação Infantil. A diretora Queila Garrido conta que as crianças fizeram rodas de conversa com pessoas da comunidade que vivenciaram as tradições carnavalescas mais antigas. As histórias foram trabalhadas em sala de aula e inspiraram a festa que farão neste ano.
Uma das atividades desenvolvidas foi a confecção de instrumentos musicais de materiais reciclados. “Iremos fazer um bloco para desfilar nas ruas e essa bandinha irá na frente”, explica Queila. “Atrás virão os outros alunos, fantasiados e usando máscaras que foram feitas também nas aulas de arte com as professoras das turmas. Um bloco como eram os de antigamente”.
O Carnaval também terá uma pegada de preservação ambiental. Durante o cortejo, as crianças passarão pelas praias onde entregarão saquinhos para os banhistas colocarem o lixo. “Será o início de um trabalho que vamos manter de educação ambiental”, diz. “Nesse Carnaval, além da alegria, da animação, estaremos cuidando da história e cuidando do meio ambiente”, frisa.
Pelourinho – As escolas municipais João Lino (Pelourinho) e Vivaldo da Costa Lima (Santo Antônio) reunirão os alunos para percorrerem as ruas do Pelourinho com um bloco pra lá de animado. Além da rede municipal, fazem parte da ação o Projeto Axé, o Colégio Estadual Azevedo Fernandes e o Afoxé Filhos de Gandhy. Todos estarão unidos no bloco EducaPelô, protagonizado pelos 150 alunos das escolas e projetos.
“Há cinco anos realizamos a Lavagem da João Lino, uma festa linda e muito animada. Mas entendemos que é necessária uma maior articulação com as instituições vizinhas, fortalecendo e dando visibilidade à Educação”, diz a diretora Rita de Cássia Natividade.
Ela ressalta também o aspecto pedagógico da atividade. “Os alunos estudam a história do Carnaval, a essência da festa e cultura de Salvador, com foco no Pelourinho, além da participação das bandas, blocos e projetos do entorno da escola”, afirma.
Segundo Rita, os alunos também trabalham música, artes, confecção de adereços. “Todo planejamento pedagógico desse período tem o Carnaval como tema transversal. É um projeto que traz para a sala de aula a nossa história e toda a essência da cultura baiana, transbordando em alegria e animação nas ruas históricas do Pelourinho”, conclui.
Fotos: Ascom/Smed