Moradores do bairro do Uruguai, em Salvador, usam uma moeda exclusiva, a “Umoja”, que só circula no comércio local e movimenta a economia da região. O nome da moeda é de um dialeto africano e significa “estar juntos”.
Em 2017, surgiu o Banco Comunitário Santa Luzia, um empreendimento da Associação de Moradores da região, para facilitar o processo de circulação das moedas.
“A gente percebeu que, durante todo esse tempo, a gente estava trabalhando também com a educação financeira com as pessoas. Elas pegavam empréstimos e tinham compromisso de devolução, porque sabiam que aquele empréstimo ia para uma outra pessoa e gera um ciclo que se estendia”, Carlos Eduardo Barbosa, coordenador de finanças da associação.
Qualquer morador do bairro pode ter acesso à moeda como um empréstimo para consumo. Se uma pessoa precisar de R$ 100, vai levar 100 umojas e só vai pagar o valor, em real, 30 dias depois. Se a cliente for dona de casa, não paga juros. Já no caso do empréstimo para empreendedor popular, tem 3% de juros, que seria, por exemplo: quem pedir emprestado 500 umojas paga R$ 515.
A facilidade de crédito atraiu a estudante Tatiana dos Anjos. Para ela, o banco comunitário surgiu para fortalecer a economia da comunidade.
“Fazer empréstimo em bancos convencionais é complicado, porque esses juros são bastantes altos e não voltam para a comunidade. Ele acaba suprindo a necessidade do banco. Hoje, o Banco Comunitário de Santa Luzia fortalece essa questão da economia local para a comunidade, os empreendedores locais e eu sou uma das beneficiárias desse projeto”, contou a estudante.
A doceira Andrea Oliveira Santos mora na comunidade do Uruguai e, há mais de 30 anos, faz bolos e doces para festas. Nos últimos 6 meses, ela contou que a clientela diminuiu bastante por causa da pandemia da Covid-19 e, agora, começaram a surgir algumas encomenda. Sem dinheiro para a compra de material, a doceira usou a moeda do bairro.
“Devido à pandemia, tive dificuldade em comprar material para trabalhar, eu vim tomar empréstimo porque tenho um prazo, para poder comprar material, para trabalhar. Só pago depois que eu faço minha entrega, tenho 30 dias para pagar e pago a eles, o banco comunitário. É muito bom porque, inclusive, eu compro aqui no bairro, com o comércio local, e não preciso sair para outro lugar”, disse Andrea.
Essa iniciativa conta também com a assessoria financeira da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Segundo Simaia Barreto, assessora financeira da Economia Solidaria da intituição, todo o planejamento financeiro com o recurso foi feito junto com a comunidade.
“A gente faz a formação para a associação, para as pessoas que vão trabalhar com essa metodologia, com os comerciantes, inicialmente. A gente criou junto com eles a moeda social, através de rodadas de informações com a comunidade e também financiamos a impressão de 30 mil cédulas no início, e repassamos R$ 30 mil para iniciar as atividades de financiamento de crédito”, explicou.
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Moradores do bairro do Uruguai, em Salvador, usam moeda exclusiva para fazer empréstimos e movimentar economia local — Foto: Reprodução/TV Bahia
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