O Hemocentro da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto (SP), está buscando doadores de sangue entre pessoas que já se infectaram com o novo coronavírus. O doador tem que ter tido a covid-19 confirmada, já estar recuperado, e sem sintomas há pelo menos 14 dias.
Segundo o Hemocentro, a doação é segura, pode ser feita por meio de uma máquina que utiliza somente materiais descartáveis, e demora cerca de 40 minutos. O objetivo da entidade é utilizar o plasma do sangue doado (a parte líquida do sangue) para ser aplicado em pacientes que apresentem quadro grave da doença.
As pessoas que se contaminaram e se curaram da infecção, desenvolveram anticorpos no seu plasma que podem ser úteis para ajudar na recuperação de pessoas com formas mais graves da covid-19. De acordo com o Hemocentro, os médicos esperam que os pacientes que receberem o plasma proveniente de convalescentes da doença tenham uma recuperação mais rápida, menor tempo de internação e menor risco de morrerem.
Para ser doador, a pessoa deve ter mais de 50 quilos, ser homem ou mulher que nunca engravidou. Uma avaliação no Hemocentro de Ribeirão Preto será feita antes da doação. Informações podem ser obtidas no telefone 0800 979 6049, via whatsapp 16 9 9399 1259, ou pelo email [email protected] .
Testes
A técnica de transferir plasma de pessoas já curadas para os doentes é chamada de transferência passiva de imunidade e está sendo testada, no caso do novo coronavírus, em vários países, inclusive no Brasil. O Hemocentro de Ribeirão Preto obteve na última semana aprovação para desenvolver a técnica pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep). Mais de 40 pacientes já estão recebendo plasma sanguíneo com os anticorpos que combatem a covid-19.
O experimento segue outras iniciativas de pesquisa semelhantes às que estão sendo realizadas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), na Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, e nos hospitais Albert Einstein e Sírio-Libanês.
Em nota divulgada na última sexta-feira (3), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) destacou que pesquisadores dedicados a essa técnica já têm obtido “resultados promissores”. A autarquia pondera, entretanto, que as conclusões não podem ser encaradas como uma “comprovação definitiva sobre a eficácia potencial do tratamento”, devido à inobservância de critérios científicos rigorosos, como abrangência da amostragem.
Agência Brasil