O novo ministro da saúde, Marcelo Queiroga, deve assumir o cargo nesta terça-feira (16) com uma missão mais difícil do que a de todos os outros três ocupantes da cadeira durante sua gestão na pandemia do novo coronavírus. Em meio ao pior momento da tragédia sanitária, Queiroga será o líder do enfrentamento à doença que ameaça colapsar a rede hospitalar de diversos estados, ao mesmo tempo em que assumirá a meta da gestão anterior de adquirir 529,9 milhões de vacinas contra a covid-19.
Os números da tragédia dão dimensão do tamanho do desafio. O país já perdeu quase 280 mil pessoas por causa da doença, sendo que o mês de março registra recordes consecutivos de mortes, com 23.308 mil vidas a menos somente neste mês, registradas até esta segunda-feira (15).
Queiroga também terá de coordenar o enfrentamento à pandemia junto aos estados e cidades enquanto alguns destes adotam estratégias de lockdown ou de quarentenas mais severas contra o pico da pandemia, das quais o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é opositor e crítico recorrente.
O próprio ministro é defensor do distanciamento social e não acredita em tratamento precoce para a covid-19, outra divergência com o presidente. Ele, porém, foi elogiado por Bolsonaro, que se reuniu com o postulante por mais de três horas nesta segunda-feira (15).
“A conversa foi excelente. Ele tem tudo para fazer um bom trabalho, dando continuidade a tudo que o ministro Pazuello fez”, afirmou o presidente a apoiadores após a reunião.
Em relação às vacinas, Queiroga terá de cumprir a meta ambiciosa fixada pelo ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em seu último anúncio oficial no cargo, nesta segunda (15). O plano apresentado por Pazuello prevê a aquisição de 562,9 milhões de doses de vacinas contra covid-19 até o fim de 2021, 192 mi de março a junho e 38 mi até o final deste mês. Até agora, foram entregues 16, 9 milhões de doses desde janeiro.
Com estes imunizantes, o Brasil vacinou 4,67% de sua população, marca registrada quase dois meses depois que a primeira pessoa foi imunizada no país, no dia 17 de janeiro.
Queiroga é graduado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Paraíba, especialista em cardiologia e tem doutorado em Bioética pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto/Portugal. Ele já dirigiu o departamento de hemodinâmica e cardiologia intervencionista (Cardiocenter) do Hospital Alberto Urquiza Wanderley (Unimed João Pessoa) e é médico cardiologista intervencionista no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, também na Paraíba.
Atuou como dirigente da Sociedade Brasileira de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista, na qual já exerceu a presidência no biênio 2012/2013, sendo membro permanente do seu Conselho Consultivo. Integra ainda o Conselho Regional de Medicina do Estado da Paraíba como Conselheiro Titular.
De perfil técnico, Queiroga atuou na equipe de transição do governo de Michel Temer para Bolsonaro no fim de 2018. Em setembro do ano passado, encontrou-se com o presidente no Planalto e chegou a postar uma foto com ele.
R7