Colocar a mochila nas costas e se jogar na estrada para explorar novos lugares e conhecer outras culturas de perto é sempre prazeroso. Mas o que levar para não passar sufoco? Como organizar a mala para otimizar o pouco espaço disponível? Quais itens dispensar? São algumas perguntas que, geralmente, atormentam os mochileiros de primeira viagem. Conversamos com viajantes profissionais que entregam o que é indispensável carregar na bagagem.
Tire o peso das costas
Quem planeja fazer um mochilão, mas nunca se aventurou nessa experiência, precisa estar disposto a praticar o desapego. A turismóloga Aline Campbell, autora do livro “Portas Abertas: Três meses na Europa sem um centavo no bolso” (Publicação independente), explica que o excesso de peso atrapalha a viagem, pois dificulta a locomoção e ainda torna complicado encontrar na mochila o que realmente é necessário.
Para evitar supérfluos, turistas que não vão acampar no caminho devem optar por mochilas pequenas, dessas usadas no dia a dia, que comportam bem o indispensável para esse tipo de viagem: garrafinha com água; alimentos energéticos, como barrinhas de proteína, frutas secas e castanhas; e um kit de primeiros socorros com antisséptico, esparadrapo e pinça para remover farpas e espinhos. Caso contrário, modelos com cerca de 60 litros de capacidade são o suficiente para incluir uma barraca de camping, saco de dormir, isolante térmico (para proteger contra o frio e a umidade do solo) e lanterna.
Em ambos os casos, incluir uma toalha e um nécessaire com protetor solar e versões em miniatura de pasta e escova de dentes, sabonete e xampu, que podem ser reabastecidos ao longo da viagem, é igualmente imprescindível. Desodorante, lâmina de barbear e medicamentos podem ser facilmente adquiridos no destino.
Alterne as trocas de roupa
Roupas e calçados também são artigos essenciais, claro. Mas isso não significa transportar tudo o que couber na mochila. Ao calcular quanto de roupa levar por dia, os especialistas indicam considerar a possibilidade de lavá-las durante o passeio. Claudiomar Matias Rolim Filho, autor do livro “O Mundo Numa Mochila” (Editora Amazon), afirma que não é difícil encontrar lavanderias comunitárias a preços acessíveis mundo afora. Mas se quiser economizar, uma alternativa é aproveitar o banho para higienizar as peças. “O único cuidado é encontrar um lugar ventilado para colocá-las para secar, pois levar roupa úmida na bagagem causa mau cheiro”, diz Oliveira. Ou, se estiver hospedado em alguma residência, peça para utilizar a máquina de lavar.
Com essa alternativa, para os mochileiros experientes, levar duas trocas completas de roupa, independentemente da duração da viagem, é o suficiente. “Separe duas calças, dois shorts, dois agasalhos e assim por diante. Enquanto um item estiver sujo, use o outro”, orienta André Carvalho Oliveira, autor do livro “Estrada Solitária” (Publique-se). A quantidade de roupas íntimas pode ser duplicada, assim como a das camisetas, que costumam sujar mais e exigir trocas diárias.
Em destinos com baixas temperaturas, adicione à bagagem um par de luvas, um casaco mais pesado, uma calça grossa e um conjunto de roupa térmica, que ocupa pouco espaço e pode ser usado por baixo das peças mais pesadas, protegendo do frio.
Para os pés, um par de chinelos e um par de botas para trilhas, ou de tênis confortáveis para montanhismo, bastam. “O fundamental é se atentar para o estado do solado do calçado, para garantir boa aderência e, consequentemente, segurança no trajeto”, afirma Charles Zimmermann, autor do livro “Travessia – 747 dias de bicicleta pelo Mundo” (Autores Catarinenses). Se o destino for frio e houver gelo, é importante levar calçados apropriados para esse tipo de solo e temperatura.
Todos esses itens juntos não devem ultrapassar um peso suportável, de forma que a mochila possa ser carregada sem sofrimento. “No geral, as pessoas carregam no máximo 15% do próprio peso corpóreo”, diz Rolim Filho. O que dá em média de 10 a 15 quilos, quantidade que permite caminhar com facilidade e com as mãos livres, sem a necessidade de se apoiar nas alças para amenizar o peso da bagagem. Ainda assim, escolha uma mochila com barrigueira – alça que é presa à cintura e alivia o peso dos ombros.
Levando apenas o essencial, sobra espaço para trazer lembranças dos locais visitados, e fica mais fácil organizar todos esses artigos na mochila. “Coloque o que vai usar menos no fundo e deixe a toalha e os itens de higiene pessoal juntos, em um local de fácil acesso”, aconselha Aline. E opte por modelos de mochila com abertura frontal, que dão acesso ao seu compartimento principal, e sejam confeccionados em tecido impermeável, para garantir que tudo permaneça seco e em condições de uso até o fim da viagem.
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