A crise econômica refletiu no desemprego de mais de 13 milhões de brasileiros. Com o aumento de pessoas em busca de um emprego e com a tentativa de economizar custos, empresas tendem a diminuir os salários.
Devido à estimativa de postos de trabalhos fechados e uma oferta maior do que a procura no mercado de trabalho, profissionais acabam aceitando ganhar menos. Ao R7, Irene Azevedoh, diretora de transição de carreira e gestão da mudança da LHH, explica que o profissional deve levar em consideração o que o mercado pede.
— Com crise ou sem crise, o importante é sempre olhar para a capacidade que você tem de gerar receita. É bom garantir a trabalhabilidade e saber o que pode oferecer e também saber as demandas do mercado.
De acordo com Azevedoh, em tempos de crise, o profissional pode pensar mais no currículo e no aprendizado.
— Nesse momento, pensar no quanto o mercado pode me pagar não é o primordial. Se eu puder oferecer um serviço onde minhas habilidades são requeridas, onde vou aprender algo novo, alinhado isso com os meus propósitos, o que vai me pagar é circunstancial. Quando a economia estabilizar, mais lá na frente, posso voltar a receber mais.
Ainda segundo a especialista, a crise pode ser “uma grande oportunidade se a pessoa souber tirar proveito dela.”
Desemprego e a necessidade de gerar receita
Para Azevedoh, o desempregado aceita trabalhar em locais que não têm o seu perfil para conseguir pagar as contas no fim do mês.
— Quando está desesperado, tem dívidas e contas acumuladas para pagar, o profissional tem que ir atrás mesmo. Quando a pessoa não está recebendo nada, tinha um salário e não tem mais, é melhor aceitar um salário menor. Só que a pessoa não pode se pautar só pelo salário.
Porém, ela alerta que a escolha feita apenas visando o lado financeiro tem uma validade.
— Essa escolha só pelo salário é de curto prazo. Aceitar só pelo dinheiro, no cenário de vulnerabilidade em que estamos, a pessoa não tem sucesso. Isso porque o salário é algo negociável, já os valores, a ideologia, o que você gosta de fazer, é inegociável.
Salário negociável
Mesmo com a crise, porém, Azevedoh diz que salário é algo negociável.
— Numa economia de vulnerabilidade, as organizações reduzem mesmo os salários. Mas isso é negociável, as duas partes têm que estar dispostas a negociar. Dessa maneira, vale fazer um movimento e arriscar. Vale a pena ganhar menos se estiver fazendo algo que esteja alinhado com o que vai fazer com que eu cresça na minha carreira.
A especialista ainda declara que o importante é encontrar uma motivação.
— O primeiro fator que tenho que levar em consideração quando o salário é menor é aquilo que motiva. Essa motivação é intrínseca. Se conseguir um emprego que motiva, o sucesso é garantido. Com isso, o aumento de salário vem com o tempo. Mas é bom dizer que o preço do salário tem que ser justo e dentro do mercado.
O que levar em consideração
Na hora de aceitar a ganhar um salário menor, no entanto, o funcionário tem que considerar vários cenários.
— A primeira coisa que está em jogo é respeitar o que a própria pessoa que está procurando. Eu, como dona da minha carreira, tenho que pensar nela. Depois é preciso ver quem vai comprar esse meu serviço, se tem a mesma linha de pensamento. Tem que olhar fatores motivacionais, ideologia, ver se vai ajudar nas minhas habilidades profissionais e se vou tirar algum aprendizado.
Ainda de acordo com Azevedoh, uma carreira profissional é composta por erros e acertos.
— O medo nessa situação é uma realidade. Se estou numa posição em que estou aprendendo e motivado, tenho a certeza de que em breve consigo chegar no patamar em que estava. Se eu não conseguir um salário maior, é porque o mercado todo não conseguiu se recuperar. Mas, com certeza, isso vai mudar lá na frente quando a economia se recuperar. Não existe ninguém que tenha uma carreira sem erros. Se não errou, não tem carreira. Errar é uma chance de recomeçar.
R7