30% das mulheres podem ser acometidas pela doença, mas a desconhecem
As varizes são um problema bem conhecido de grande parte das pessoas, no entanto, muitos ainda desconhecem as varizes pélvicas. Essa condição pode afetar até 30% das mulheres, mas muitas ainda não têm conhecimento da doença. O ginecologista Alexandre Amaral, a cirurgiã vascular Maria Clara Sanjuan e o radiologista João Rafael Carneiro explicam quais os sintomas, diagnóstico e tratamento das varizes pélvicas.
Sintomas
O ginecologista Alexandre Amaral aponta que as varizes pélvicas podem causar dores incapacitantes na mulher. “As varizes pélvicas acometem muitas pacientes portadoras de dor pélvica crônica – que é definida como dor não cíclica, com mais de seis meses de duração, grave o suficiente para causar incapacidade funcional ou requerer tratamento”, afirma Alexandre Amaral.
As varizes pélvicas são veias dilatadas, tortuosas e com função comprometida dentro de cavidade abdominal, predominantemente ao redor do útero e dos ovários. Sua principal causa é a genética, mas pode ser causada também pela congestão ou obstrução de veias da pelve (Síndrome da Congestão Pélvica), principalmente na região do útero, do colo do útero e dos ovários, e é por esse motivo que são popularmente chamadas de varizes no útero.
De acordo com a cirurgiã vascular Maria Clara Sanjuan, sócia da Clínica Sanjuan, a síndrome da congestão pélvica (SCP) é causada pela insuficiência venosa pélvica. Isso significa que há uma sobrecarga das veias da região da pelve, de modo parecido como ocorre nas varizes das pernas. “As veias normais têm no seu interior um tipo de válvula, que ajuda o sangue a correr no sentido correto. Quando essas válvulas são defeituosas, as veias têm dificuldade em retornar o sangue para a circulação do corpo. Essas veias doentes têm o fluxo muito lento, às vezes até no sentido contrário, deixando o sangue represado na região da pelve, causando a dor”, explica a médica.
Diagnóstico de varizes pélvica
A necessidade de investigar as varizes pélvicas se dá quando a mulher apresenta dor durante e após a relação sexual, varizes na região da vulva, vagina e glúteos, recidiva de varizes após cirurgia e em pacientes com dor pélvica crônica. Mas, muitas vezes, as varizes pélvicas são descobertas acidentalmente, durante uma ultrassonografia de rotina.
“Embora as veias varicosas pélvicas possam causar dor, muitas mulheres sem sintomas têm veias pélvicas dilatadas descobertas pela ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, especialmente se já tiveram filhos. Felizmente, nem todas têm sintomas, mas caso tenha, é importante que ela procure o médico para realizar exames de imagem e diagnosticar o problema”, diz o radiologista João Rafael Carneiro, sócio da Clínica CSI.
Há dois exames que podem auxiliar o médico no diagnóstico, são eles: o eco-doppler abdominal ou transvaginal e a ressonância magnética ou angiografia por tomografia computadorizada.
Tratamento
O tratamento para varizes pélvicas é individualizado e depende do quadro de cada paciente. Nos estágios iniciais, pode ser tratado com medicamentos específicos e hormônios que amenizam os sintomas e diminuem a dilatação das veias.
“Em quadros mais avançados e quando o tratamento medicamentoso não é suficiente, é necessário realizar um procedimento cirúrgico. Geralmente o procedimento realizado é a embolização – colocação de pequenas molas dentro das veias, bloqueando fluxo de sangue nessa região afetada, explica Maria Clara Sanjuan.
O procedimento cirúrgico é minimamente invasivo, realizado com anestesia local e dura em torno de 2 horas. No mesmo dia, a paciente recebe alta. É muito importante ressaltar que a cirurgia só deve ser realizada por um profissional habilitado, um médico angiologista ou cirurgião vascular, após o diagnóstico clínico.