Com a escalada da violência nos bairros de Salvador, torna-se cada vez mais necessário o debate sobre soluções para o problema, a fim de que a população possa se sentir segura e protegida em seu cotidiano.
Por meio dessa situação, foi ouvido um especialista no assunto, o professor Eliezer Cruz, que é Professor de Relações Públicas na Universidade Católica, coordenador da pós-graduação de Marketing e chefe de gabinete do deputado Penalva. Com uma vasta experiência em gestão pública e políticas sociais, Eliezer traz uma perspectiva valiosa sobre as estratégias que podem ser adotadas para enfrentar a escalada da violência nos bairros de Salvador. E por fim destacamos as propostas do Prefeito eleito Bruno Reis.
Entrevista com o especialista
O professor Eliezer ressalta, desde o início, a importância da comunicação direta e eficaz entre as comunidades e o poder público. Para ele, as subprefeituras têm um papel fundamental nesse processo de gestão participativa, onde as demandas locais precisam ser ouvidas e respondidas de maneira clara:
“As subprefeituras devem servir como canal direto entre a população e a administração pública, onde as necessidades locais são ouvidas e respondidas. Esse tipo de gestão participativa não só fortalece a sensação de segurança, mas também cria um vínculo de confiança, porque a comunidade se sente realmente envolvida nas decisões que afetam sua realidade.”
Eliezer reforça que essa proximidade permite que a gestão pública não só atue de forma mais assertiva, mas também faça com que a população sinta-se participante, fator crucial para o sucesso de qualquer política de segurança.
Ao discutir políticas preventivas e de inclusão social, o professor destaca a importância de se identificar e trabalhar com as lideranças comunitárias. Ele explica que essas lideranças têm uma compreensão mais profunda das necessidades e vulnerabilidades locais, algo que nem sempre é visível para gestores externos:
“As lideranças locais conhecem as necessidades e vulnerabilidades da comunidade melhor do que qualquer gestor externo. Precisamos incluir essas vozes no planejamento de políticas públicas, especialmente aquelas voltadas para educação, empregabilidade e serviços básicos, como transporte e saúde, que são as áreas onde as desigualdades mais impactam a segurança.”
Eliezer sugere que os Conselhos de Segurança, compostos por essas lideranças comunitárias junto com a polícia, subprefeituras e guarda municipal, poderiam atuar como fóruns eficazes para debater e priorizar as necessidades locais, apontando caminhos para soluções duradouras.
Sobre as ações imediatas necessárias, o professor enfatiza a criação de uma cultura de paz nas comunidades. Ele acredita que o combate à violência precisa começar dentro das próprias comunidades, promovendo atitudes colaborativas e solidárias:
“A verdadeira mudança começa quando a comunidade adota uma cultura de paz. Isso exige mais do que presença policial. É preciso criar espaços de diálogo, como nas escolas e subprefeituras, onde conflitos possam ser resolvidos antes que se tornem problemas maiores. A comunidade precisa aprender a negociar e mediar seus próprios conflitos.”
Aqui, Cruz vai além de soluções puramente repressivas, propondo um trabalho profundo de conscientização e educação, onde escolas e outros espaços comunitários servem como pontos de convergência para a disseminação dessa cultura de paz.
Finalmente, ao abordar os investimentos necessários em infraestrutura, Eliezer destaca a importância de criar espaços que ofereçam alternativas saudáveis e construtivas para a população, principalmente os jovens:
“Investir em espaços de educação, cultura e esporte é fundamental. Esses ambientes não só oferecem alternativas ao crime, como também criam um sentimento de pertencimento e esperança, essenciais para a transformação social e a redução da criminalidade. Sem esses investimentos, a comunidade fica sem perspectivas, e a violência tende a se perpetuar.” Para Eliezer, a infraestrutura urbana é um elemento chave na transformação das comunidades, oferecendo a base para o desenvolvimento de uma cidadania ativa e afastando os jovens do ciclo de violência por meio de oportunidades concretas.
Proposta do Prefeito Bruno Reis
Com o fim das eleições e a vitória do atual prefeito Bruno Reis, torna-se ainda mais importante, para complementação do tema, acompanharmos as propostas do prefeito reeleito em relação à segurança pública nos bairros de Salvador.
O prefeito de Salvador, Bruno Reis, reeleito na eleição da semana passada, apresentou suas propostas para a segurança pública durante uma entrevista ao Projeto Prisma nesta segunda-feira (23). Ele destacou que a prefeitura não possui recursos para combater diretamente facções criminosas:
“A prefeitura não tem controle sobre a Polícia Militar ou a Polícia Civil, nem pode enfrentar o tráfico de drogas e armas. Essa é uma responsabilidade do Governo do Estado”, esclareceu.
Apesar dessas limitações, Bruno Reis ressaltou que o governo municipal pode adotar medidas como aumentar o efetivo da Guarda Civil, implantar câmeras corporais para reforçar a segurança dos cidadãos, e realizar rondas específicas para proteger mulheres vítimas de violência doméstica e estudantes, já que as escolas vinham sofrendo com frequentes arrombamentos.
Ele mencionou o sucesso da instalação de barreiras eletrônicas no Pelourinho, que, junto com o reforço de efetivo, ajudou a reduzir crimes na área. Agora, pretende expandir esse modelo para bairros como Barra, Rio Vermelho, Itapuã e Cidade Baixa.
Bruno Reis também informou que está finalizando o Plano Municipal de Segurança, que irá identificar as ações que a prefeitura pode realizar, principalmente diante da “falta de atuação do Estado”, forçando o governo municipal a assumir mais responsabilidades na área de segurança.
Fonte:
Proposta Bruno Reis https://www.bahianoticias.com.br/noticia/296595-bruno-reis-apresenta-propostas-para-melhoria-da-seguranca-a-prefeitura-nao-tem-condicoes-de-enfrentamento-a-faccoes