Quem é interessante:
– Não precisa que brigar para obter a atenção do parceiro
– Não precisa pressionar para que o parceiro lhe mande mensagens durante o dia.
– Não precisa reclamar porque o parceiro não sai do celular enquanto conversam.
– Não reclama porque o parceiro tem outros programas e o tempo de relacionamento com ele está reduzido.
– Quando ela sai com o parceiro, estejam onde estiverem, haja o que houver, o relacionamento entre eles é o principal evento, a principal prioridade para o parceiro.
Depois que passa o efeito novidade
Se a pessoa que está ao seu lado é animada, mostra interesse por vários tipos de atividade, sabe aproveitar a vida, mostra envolvimento com o que está fazendo, é sensível e positiva com aqueles que estão á sua volta, é atuante e proativa então, ela é uma fonte de energia e de luz para aqueles que se relacionam com ela!
Se a pessoa que está ao seu lado é desvitalizada, desanimada, desinteressada dos atrativos que a vida oferece, insensível aos encantos de outras pessoas e pessimista então, ela funciona como uma espécie de buraco negro energético: suga a energia daqueles que estão à sua volta.
A atração de uma pessoa está bastante relacionada com essa sua vitalidade. No entanto, pouca gente cultiva ou se interessa por isso e está muito mais preocupada com a aparência e a ostentação de bens e poder.
Quando a admiração pelo parceiro diminui, o relacionamento amoroso se torna desinteressante
No início do relacionamento, os parceiros geralmente são interessantíssimos um para o outro. Isso acontece, em boa parte, porque apresentam uma grande dose de imprevisibilidade para o outro e são admirados porque são idealizados e porque capricham para projetarem uma boa imagem para o outro.
Segundo Stendhal, autor de uma das teorias sobre o apaixonamento mais aceitas nos dias de hoje, para que o apaixonamento aconteça é necessário haver admiração pelo parceiro.
Quando há admiração pelo parceiro, tudo que vem dele provoca interesse e é aceito com mais facilidade. Infelizmente, boa parte da admiração não resiste à prova do tempo: quando é baseada na idealização, ela geralmente diminuiu após alguns meses de relacionamento. Isso acontece porque o parceiro à medida que o tempo passa, o parceiro vai sendo conhecido mais realisticamente.
Quando a admiração diminui para aquém de certo nível, o parceiro amoroso torna-se desinteressante. Com sorte, a dose de interesse e admiração por ele se estabiliza em nível aceitável. Muitas vezes, no entanto, a admiração diminui para aquém do nível aceitável e o relacionamento só continua, quando continua, porque outros fatores ajudam a segurá-lo.
Alguns motivos para manter o relacionamento mesmo quando o interesse mútuo acabou
Alguns dos fatores que ajudam a manter o relacionamento, mesmo quando o interesse pelo parceiro diminuiu muito, são os seguintes:
– A prática do sexo continua porque há necessidade fisiológica
– Os parceiros continuam a conversar porque há problemas práticos que exigem comunicação para serem resolvidos
– A fuga da solidão faz que os parceiros mantenham algum contato entre si: “ falar com ele do que não falar com ninguém”.
– As poucas manifestações de romantismo que restaram são mantidas pelas convenções: dizer mecanicamente “Eu te amo”, selinho de cumprimento, festas em datas convencionais, cumprimentos em ocasiões previstas pelo calendário…
– A sociedade entre os parceiros tem que ser mantida: cada parceiro sabe que ambos serão beneficiados ou prejudicados por certos fatos que os afetam: o casal é considerado como uma unidade econômica e social e, por isso, será afetado por diversos tipos de acontecimentos nestes setores.
As seguintes histórias ilustram alguns dos motivos para manter o relacionamento mesmo quando já não existe interesse mútuo.
Atrações periféricas
Aline queria ser atraente para o namorado. Investiu todos os seus esforços nas dietas, academias, plásticas, vestuários, cabeleireiros e acessórios.
Embora ela atraísse os olhares e a admiração onde quer que estivesse, mesmo assim, o namorado não ficava muito tempo na sua companhia. Ele sempre tinha mil outros programas e compromissos que a ela não podia participar.
Quando estavam a sós, logo ele pegava o celular, ligava a televisão ou propunha algum programa. Tudo menos ficar a sós e conversar com ela!
Ela fazia tudo para agradá-lo! Estava sempre bem cuidada, aceitava todas as suas sugestões, procurava ouvi-lo e se interessar por tudo que o afetava, fazia os programas que ele queria e não reivindicava quase nada que poderia desagradá-lo. Ela boazinha com ele.
Claro que para ele, tudo isso era cômodo e agradável. No entanto, ele não a achava estimulante. Ela não apresentava novidades, não tinha vida própria e apenas era linda, elegante, dedicada e muito gentil com ele.
Boas companhias para programas
A presença mútua não era estimulante. Cada um não despertava quase nada no outro! Ficar sem fazer nada com o outro era um tédio! No entanto, eles faziam bons programas juntos. Viajavam, iam a shows, iam a bons restaurantes e frequentavam os amigos. Ela também fazia muito bem o papel de “primeira dama”: era bonita, elegante e tinha classe. Ele precisava de alguém assim ao seu lado. Portanto, embora não sentissem mais nada um pelo outro, ainda tinham muito a ganhar com o relacionamento que existia entre eles.
Função estrutural importante
Ele era muito sem graça. Quando viajava a negócios, Meire, a sua esposa, sentia grande alívio! A sua presença era muito chata!
No entanto, a vida com ele era estável. Ela não pensava em separar-se. Estar casada era muito importante para ela. Esse tipo de papel e a identidade de casada fazia parte da sua autodefinição: todos a viam como uma mulher casada e os espaços sociais que ocupava dependiam dessa identidade. Tinha muito medo de separar-se e não conseguir construir outro relacionamento e, por isso, perder os papéis e funções sociais que desempenha. Não conseguia nem imaginar-se como separada.
Esvaziamento completo do relacionamento
Eles não se interessam mais um pelo outro. Suas presenças não estimulavam nada no outro: nenhuma vontade de conversar, nenhuma atração romântica e nenhum desejo sexual… Não tinham curiosidade para saber o que se passava com o outro e nem interesse sobre o que ele pensava. A indiferença era total. O relacionamento entre eles havia se esvaziado completamente. Além disso, cada um tinha a sua vida: eram independentes econômica e socialmente. Não tinham mais nenhum motivo para permanecerem juntos.
Pessoas interessantes
Existem mil atributos e recursos que podem ser usados para agradar o parceiro. No entanto, para que ele admire você, goste da companhia, converse animadamente com você, preste atenção em você, é necessário ser interessante.
Carmem era viva e interessante
Jairo e Carmem estavam casados a mais que dez anos. Jairo adora a companhia de Carmem. Ela nunca era monótona. Na sua presença, ele tinha que estar sempre em alerta.
Ela injetava energia para que suas coisas andassem. Tinha o poder de validar o que ele pensava e sentia. Ela tinha maneiras próprias de ver as coisas: podia apresentar outros pontos de vista e versões dos fatos que o afetavam.
A opinião dela era importante para ele. Ela era inteligente, tinha um jeito próprio de encarar as coisas. Ela também tinha vida própria. Tinha seus planos, gostava de viver e sempre tinha algo em vista que podiam fazer.
Com ela, os seus horizontes de Jairo eram continuamente ampliados.
Quando conversava com ela, Jairo estava sempre crescendo. Ela o incentivava para enfrentar novos desafios profissionais, pessoais, econômicos, psicológicos.
Isso sim, era uma companheira que valia a pena!
A capacidade para ser interessante
Para ser interessante é necessário achar o mundo fascinante. O interesse despertado no outro é só uma decorrência. Tentar ser interessante para o outro, além da conta, implica em uma perda de independência que esmaece o fascínio.
Não dá para ser interessante para todo mundo. Se quiser agradar a todos, você já perdeu a independência e, por isso, a capacidade de ser interessante!
Para ser interessante é necessário lutar contra a tendência de optar pelo que dá menos encrenca, pelo que é mais cômodo no imediato, pelo que é politicamente correto.
As coisas vêm com a resposta mais fácil marcada. As pessoas interessantes são aquelas que conseguem marcar outras opções. As opções que elas marcam são aquelas que elas acreditam, aquelas que querem tentar.
É uma luta contínua para examinar o que faz sentido e não lançar mão do que é mais fácil.
Ser interessante produz a ampliação do ego do companheiro, produz admiração e atrai a atenção.
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