Mesmo em tempos de pandemia vemos a boa e velha VW Kombi transportando hortfrútis, água, remédios, cestas básicas e esperança para quem precisa de uma “quentinha” para matar a fome! A palavra Kombi do alemão “Kombinationsfahrzeug”, quer dizer “veículo combinado” ou “veículo multiuso”. Na Europa, o modelo era conhecido como Volkswagen Transporter T1. No Brasil, a Kombi começou a ser montada em CKD em 1953 pela Brasmotor – empresa que depois passou a ser chamada de Brastemp. Só em 1956 foi “primeirizada” pela Volkswagen do Brasil e, em 1959, era a estrela da inauguração da fábrica da marca alemã em São Bernardo do Campo (SP).
Tornou-se “objeto do desejo” de entusiastas e alvo de exportadores – velhas Kombis “made in Brazil” são enviadas para o exterior, onde existem empresas especializadas na compra e importação. Agora, a Volkswagen Commercial Vehicles (VWCV) apresenta o e-Bulli, um veículo conceitual totalmente elétrico que tem por base justamente uma velha Kombi alemã de 1966. A boa notícia: a Volkswagen avisou que é possível se fazer conversões em antigas Kombi para o elétrico e-Bulli. Mas, infelizmente, não custa nada barato. Os interessados terão de pagar um valor que parte dos 64.900 euros – aproximadamente R$ 365 mil.
Motor elétrico de 83 cv – O e-Bulli conta com um silencioso motor que fornece 61 kW (83 cavalos) de potência e um torque de 21,6 kgfm e ocupa o mesmo lugar do propulsor boxer a gasolina de 44 cavalos e um torque de 10,4 kgfm que movia a Transporter T1 alemã de 1966. O torque máximo também é disponível imediatamente – típico de motores elétricos. A velocidade máxima é limitada eletronicamente a 130 km/h para proteger a bateria de 45 kWh de íons de lítio colocada sob o piso do veículo, que permite uma autonomia de mais de 200 quilômetros e pode ser recarregada até 80% em 40 minutos, em postos de 50 kW. A transmissão da energia é feita por meio de uma caixa de uma velocidade, com alavanca posicionada entre o condutor e o banco do passageiro da frente. As configurações do seletor da transmissão automática (P, R, N, D, B) são reveladas ao lado da alavanca. Na posição B, o condutor pode variar o grau de recuperação da energia de frenagem.
Mudanças estruturais – Tudo começou com a ideia de transformar uma Kombi clássica para um sistema de tração que produzisse zero emissões, a fim de alinhá-la aos desafios contemporâneos de redução de gases. Para isso, os engenheiros e projetistas da Volkswagen Commercial Vehicles formaram uma equipe, juntamente com especialistas em motores elétricos do Grupo Volkswagen e da empresa eClassics, especializada em conversões de carros elétricos. Como base, a equipe escolheu uma versão de passageiros da Kombi, conhecida na Alemanha como T1 Samba, produzida em Hannover em 1966. Antes de sua conversão, a Kombi que virou e-Bulli rodou meio século pelas estradas da ensolarada Califórnia. O e-Bulli foi submetido a profundas alterações face à Kombi original, principalmente ao nível do chassi, para abrigar eixos multibraços com amortecedores ajustáveis, bem como um sistema de frenagem com discos ventilados em todas as rodas.
Por fora, destaque para os indefectíveis faróis redondos, como manda a tradição, mas agora incorporando luzes diurnas em Leds. No interior com espaço para oito ocupantes, a Volkswagen buscou harmonizar o clássico ao moderno. O velocímetro é uma cópia do original, porém, um display integrado aponta a velocidade também de forma digital. O mesmo display fornece uma variedade de informações, incluindo a autonomia.
Entretenimento – O menu do sistema de multimídia fica no teto e possibilita obter informações online por meio de aplicativos do smartphone. Já o rádio colocado no console central é totalmente retrô, bem ao exemplo do modelo utilizado em 1966 – no entanto, equipado com tecnologia DAB+, Bluetooth e entradas USB. O interior revestido em dois tons, o piso de madeira maciça e os bancos em couro branco dão um toque um tanto “marítimo” ao ambiente – impressão reforçada pelo amplo teto panorâmico dobrável. Essa opção requintada no acabamento do e-Bulli ajuda a explicar o elevado preço da transformação.
História de sucesso – No Brasil, a Kombi foi fabricada ininterruptamente pela Volkswagen na ABC Paulista de 2 de setembro de 1957 a 18 de dezembro de 2013. Como, a partir de 2014, todos os automóveis produzidos no Brasil passaram a ser obrigatoriamente dotados de freio tipo ABS e airbag frontal duplo, o antigo projeto mostrou-se incompatível com as novas exigências da legislação e a produção da Kombi foi encerrada. O modelo fez história no mercado brasileiro, tem muitos admiradores até hoje e ganhou uma série de apelidos regionais, alguns carinhosos e outros nem tanto, como “Corujinha”, “Pão Pullman”, “Cabrita”, “Queima no Túnel” e “Jesus Te Chama”.
R7