A carta que o então ministro da Educação, Abraham Weintraub, apresentou ao ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, informando a sua indicação para o cargo de diretor-executivo do Banco Mundial data de 17 de junho, um dia antes de ele aparecer ao lado do presidente Jair Bolsonaro, anunciando a sua saída do governo. No dia 20, ele chegou a Miami, na Florida.
Na comunicação, Weintraub solicitou “os bons ofícios do Ministério das Relações Exteriores para requerer visto de entrada nos Estados Unidos”, segundo respondeu a pasta à TV Globo após pedido feito pela por meio da Lei de Acesso à Informação, de acordo com o G1.
Ainda de acordo com a explicação do ministério, o então ministro indicou na carta a intenção de viajar a Washington “com a brevidade possível”.
No mesmo dia em que recebeu o documento, 18 de junho, o ministério enviou à Embaixada dos Estados Unidos em Brasília solicitação de visto para Weintraub. O Itamaraty afirmou também que o pedido de visto já continha os dados do passaporte diplomático de Weintraub e indicava, como período da missão, o “restante do ano de 2020”.
O governo chegou a publicar dois decretos de exoneração de Weintraub. O primeiro com a data de 20 de junho, quando Weintraub já se encontrava nos Estados Unidos. Depois, com a data de 19 de junho. A retificação aconteceu um dia depois de o Ministério Público pedir para o Tribunal de Contas da União (TCU) apurar a atuação do Itamaraty na viagem de Weintraub aos EUA.
O cargo de diretor-executivo do Banco Mundial para o qual Weintraub foi indicado exige a realização de eleição, processo cuja duração é de um mês. A previsão é que o resultado seja divulgado no dia 31. Depois disso, o eleito assume a posição em mais quatro semanas.
O atual mandato termina no dia 31 de outubro, quando será necessária nova nomeação do governo brasileiro e nova eleição.
A vaga para a qual o governo decidiu mandar Weintraub faz parte de um conselho de diretores, que abriga representantes de um grupo de países. O grupo específico que o Brasil integra reúne Colômbia, Filipinas, Equador, República Dominicana, Haiti, Panamá, Suriname e Trinidad e Tobago.
A associação de funcionários do Banco Mundial chegou a enviar uma carta aberta ao Comitê de Ética da instituição, pedindo suspensão da nomeação do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub para um cargo de diretor executivo.
Na carta enviada ao Comitê de Ética, os funcionários do banco se dizem preocupados com declarações tidas como preconceituosas de Weintraub sobre os chineses e sobre minorias.
Bahia Notícias