Quem nunca se olhou de perfil no espelho para dar uma conferida se a barriguinha estava avantajada? Claro que o padrão de beleza atual interfere, e muito, na busca por uma silhueta mais sequinha, mas, é importante ressaltar que a presença de muita gordura na região abdominal pode provocar algumas doenças como diabetes, aumento dos triglicérides (gordura circulante), pressão alta, doenças cardiovasculares e outras. E se disséssemos que hoje é possível eliminar de 20% a 25% do peso com um procedimento minimamente invasivo?
Por: Malu Bonetto
Muita gente, mesmo dentro do peso ideal, apresenta uma barriguinha insistente que não sai nem com dieta e malhação. O maior vilão dessa história, claro, é o consumo maior de caloria do que se gasta, mas também não podemos esquecer do fator genético, hábitos alimentares, cultura, profissão, rotina fa-miliar, prática de atividades físicas, entre outros.
É importante deixarmos bem claro que eliminar a gordura abdominal não é só questão de estética, mas de saúde, já que pode causar algumas doenças graves. Ok, gordura localizada podemos amenizar com dieta, exercício físico e tratamentos estéticos, mas e os casos de obesidade? Primeiro é importante saber que para uma pessoa ser considerada obesa ela deve ter o IMC acima de 30 (peso do indivíduo em quilos dividido pelo quadrado de sua altura em metros) e, para que seja candidata ao tratamento endoscópico da obesidade, deverá ser obesa há alguns anos, ter sido submetida aos tratamentos clínicos habituais e não ter obtido sucesso. E, claro, ter uma avaliação médica adequada para que se indique o melhor tratamento, assim como uma avaliação multidisciplinar e realização de exames laboratoriais, endoscópicos, radiológicos e cardiológicos.
Números alarmantes
Sabemos que com a correria diária fi ca difícil manter uma alimentação balanceada e praticar atividade física com a frequência que deveríamos, e uma das consequências disso é o aumento no número de pessoas obesas.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estarão com sobrepeso, e mais de 700 milhões, obesos. E, obviamente, isso reflete no número de cirurgias bariátricas realizadas no Brasil que, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Metabólica (SBCMB), cresceu 163% entre os anos de 2008 a 2016. Entre os tratamentos, temos disponíveis as cirurgias bariátricas e as técnicas endoscópica,s entre elas, o balão intragástrico e a gastroplastia endoscópica ou endosutura gástrica.
A evolução da cirurgia bariátrica
Embora considerada extremamente invasiva, quase 100 mil cirurgias bariátricas são realizadas por ano no Brasil. Por conta do aumento de obesos no país e dos riscos de uma cirurgia bariátrica, um grupo de estudos liderado pelo gastrocirurgião e endoscopista Dr. Eduardo Grecco, junto com Dr. Manoel Galvão Neto e Dr. Thiago Ferreira de Souza, na Faculdade de Medicina do ABC, iniciaram no Brasil uma alternativa à cirurgia bariátrica – a gastroplastia endoscópica – um procedimento minimamente invasivo. Enquanto em uma cirurgia bariátrica convencional, o paciente permanece por cerca de uma a três horas na mesa de cirurgia e de dois a quatro dias na internação, na endoscópica o procedimento leva menos de uma hora e o paciente sai no mesmo dia. Assim, uma técnica mais segura e com um risco de complicação potencialmente menor que a cirurgia bariátrica. “Procedimentos minimamente invasivos e complexos, de menor custo têm sido desenvolvidos com o objetivo de alcançar um maior número de pacientes”, explica o gastrocirurgião e endoscopista Dr. Eduardo Grecco. O primeiro estudo no mundo foi realizado no Panamá e apresentado internacionalmente em congresso pelo Dr. Manoel Galvão Neto. Posteriormente estudos foram realizados na Espanha e nos Estados Unidos, com a participação dos outros professores. “Todos os estudos realizados até o momento apontaram para uma perda de cerca de 50% do excesso de peso com seguimento de até 12 meses após o procedimento e mais de 15% de perda de peso total em até três anos”, explica Dr. Manoel Galvão Neto.
Por dentro da técnica
A Gastroplastia Endoscópica ou Endosutura Gástrica é um método de tratamento endoscópico da obesidade desenvolvido há cerca de cinco anos e que usa um equipamento de sutura endoscópica (endosutura) de última geração, aprovado pelo FDA e ANVISA, capaz de oferecer efetiva e duradoura ação sobre os tecidos suturados. Como uma espécie de “pregas”, o procedimento envolve as paredes do estômago com objetivo de restringir a capacidade e diminuir o trânsito dos alimentos pelo do estômago, levando assim a saciedade precoce e induzindo perda efetiva de peso. O procedimento é feito por via totalmente endoscópica, ou seja, não há cortes ou incisões no abdômen e, o paciente é liberado no mesmo dia e com resultados iniciais promissores. O procedimento vem sendo indicado para pacientes a partir da obesidade grau I, ou seja, IMC >30, mas não substituindo a cirurgia bariátrica quando a mesma estiver indicada. O endoscópio entra pela garganta até chegar no estômago para realizar a redução do estômago por meio de sutura. O órgão reduz substancialmente o seu volume e capacidade de distensão do corpo do estomago e por outro lado distende o fundo do estômago levando a saciedade diminuindo dessa maneira a ingesta de alimentos (o procedimento não objetiva uma redução especifica no volume do estomago, mas sim o reduz bastante).
Cuidados antes e depois
Inicialmente o paciente deve obrigatoriamente passar por uma avaliação médica para que se verifique a indicação correta e escolha o método. Retirar todas as dúvidas e se delinear um objetivo. Além disso deverão realizar uma série de exames com posterior avaliação cardiológica, nutricional e psicológica. Alguns pacientes ainda necessitam de avaliação endocrinológica e de um cirurgião vascular.
As principais dúvidas sobre o balão gástrico
- O uso do balão gástrico pode provocar gastrite?
Sim, isto porque o balão é um corpo estranho que, em contato com a mucosa pode gerar irritação justamente por isso muitas vezes o uso dele deve ser associado ao uso de um protetor gástrico que irá proteger e evitar irritações e gastrite. - Após a retirada do balão meu estômago estará mais largo e consequentemente comerei como antes?
O estômago possui um tamanho único que não será alterado com o uso balão que demora em média três meses para se adaptar ao organismo. Portanto, é importante realizar o procedimento com equipe multidisciplinar e que tenha acompanhamento contínuo do paciente para orientar de forma adequada e consequentemente manter a perda de peso. -
O balão pode escorregar e obstruir o intestino?
Apesar de raro o balão pode sim vazar ou furar por algum motivo, geralmente porque a pessoa ultrapassa o prazo para a retirada do balão, que é em média seis meses, e ele pode migrar do estômago e ir parar no intestino. Mas caso o balão vaze, a urina do paciente ficará esverdeada já que ele é preenchido com soro fisiológico acrescido de azul de metileno que é um marcador. E, nesse caso, a retirada deve ser feita em até 48 horas impedindo a migração para o intestino. -
Durante o uso terei muitos gases?
Não pois o ar fica dentro do balão e não fora. Claro que nos primeiros dias, o paciente terá acúmulo de ar porque há uma dificuldade inicial até mesmo na passagem do ar para degludir, mas em uma semana se estabiliza.
Balão intragástrico
Indicação: Sobrepeso e obesidade grau I
Como é: No ambulatório, sob sedação, o balão é colocado no estômago através de uma endoscopia digestiva. Por esse equipamento, o médico acompanha o posicionamento e enchimento do balão com soro fisiológico e corante azul de metileno. O balão dá sensação de estômago cheio, e a pessoa come menos para garantir a manutenção do peso após retirada do balão, que é realizada em hospital sob anestesia geral.
Emagrecimento: Reduz o peso em até 10-15% em seis meses.
Tempo de internação: O procedimento dura cerca de 30 minutos e o paciente é liberado no mesmo dia.
Gastroplastia Endoscópica
Indicação: Obesidade Grau I e Grau II
Como é: O paciente é internado em regime de hospital-dia e será submetido a anestesia geral. O procedimento é realizado por endoscopia, sem cortes, e dura cerca de uma hora. Em seguida, permanecerá por cinco horas no hospital e, na sequência, será liberado com medicação para casa. É necessário acompanhamento semanal depois de acordo com protocolo da equipe.
Emagrecimento: Reduz 20-25% em um ano.
Tempo de internação: Um dia.
CALCULE SEU IMC (Índice de Massa Corpórea)
O cálculo-padrão é o peso do indivíduo em quilos dividido pelo quadrado de sua altura em metros, mas é preciso levar em consideração a raça, etnia, idade, sexo e porcentagem de massa gorda e magra.
IMC | CLASSIFICAÇÃO |
Menor que 18.5 | Abaixo do peso |
18.5–24.9 | Peso normal |
25–29.9 | Sobrepeso |
30–34.9 | Obesidade grau I |
35–39.9 | Obesidade grau II |
Maior que 40 | Obesidade grau III |
Terra