Todos as semanas, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) divulga quais praias de Salvador e Região Metropolitana estão impróprias para banho. Na última semana, das 38 praias da capital baiana, 25 deveriam ser evitadas pelos banhistas. O levantamento é baseado na coleta de amostras da água e monitoramento de contaminação por coliformes fecais e pela bactéria Escherichia coli. “A normativa adotada é internacional. Define um grau de constatação de um grupo de bactérias que é muito comum no organismo humano e não é necessariamente patogênico. São bactérias que causam algum tipo de transtorno em função da concentração”, explicou o diretor de Águas do Inema, Eduardo Topázio. Esses microrganismos não sobrevivem por muito tempo na água do mar, mas córregos de drenagem pluvial podem representar um risco a partir do contato. De acordo com o infectologista Robson Reis, as doenças mais comuns nessas situações são gastroenterites, infecções virais, como conjuntivite, e micoses. Há ainda a possibilidade mais remota de infecção por leptospirose e hepatite A. “Essas praias consideradas impróprias têm um maior nível de coliformes fecais que o permitido. Quando isso acontece, há um risco maior de ser acometido por doenças infecciosas bacterianas, parasitárias ou protozoários”, afirmou Reis. “Além das doenças mais graves, as gastroenterites também podem ter complicações, principalmente para pessoas com doenças debilitantes, idosos e crianças. Até mesmo adultos podem ter diarreia e vômito em grandes quantidades e distúrbios eletrolíticos, levando a problemas renais e morte”, alertou o infectologista. O risco é ainda maior em períodos de chuva, já que o sistema de drenagem acaba carregando o lixo da cidade para as praias. “As drenagens de água de chuva em Salvador são muito contaminadas, porque elas transportam também resíduos sólidos, que são despejados nas ruas ou acondicionados de forma inadequada. Há ainda a presença de roedores”, pontuou Eduardo Topázio. Há ainda a presença de esgotos clandestinos, que são jogados no sistema de drenagem da cidade. “O sistema de drenagem pluvial deveria ficar inativo em tempo seco, afinal, drena a água da chuva. No entanto, percebeu-se sempre um líquido que vinha de esgotos clandestinos. Esse material extravasa quando chove. Além disso, é possível encontrar muita drenagem entupida com lixo e que acaba atraindo animais também”, afirmou o gestor. A recomendação dos dois profissionais é que seja observado o aspecto visual das praias e evitado o contato com córregos que se formam na areia e as chamadas “piscinas naturais”, já que a sobrevivência dos microrganismos é maior, assim como o risco de doenças.
Bahia Notícias