Iniciada há três anos, a crise econômica brasileira fica ainda mais longe de terminar após as novas acusações de corrupção contra o presidente Michel Temer (PMDB). Analistas entrevistados pelo R7 afirmam que a tímida melhora da economia será abalada pelo novo capítulo da política nacional. O clima de otimismo fica prejudicado, assim como a retomada dos investimentos e a possibilidade de gerar empregos.
“No curto prazo, tudo para”, avalia o economista Rogério Storelli, gestor da GGR Investimentos.
— Empresas que estavam começando a repensar investimentos e partir para expansão, ou mesmo retomar atividades que hoje estão ociosas dentro das plantas industriais e que geraria novas contratações, tudo vai parar. A indefinição do quadro político se reflete na economia.
O raciocínio é o seguinte. A acelerada queda dos juros promovida recentemente pelo Banco Central estimula o consumo da população — ainda que de forma discreta, já que mais de 14 milhões de pessoas continuam desempregadas. A retomada do consumo tem a capacidade de gerar um ciclo positivo na economia, já que exige ao longo do tempo maior produtividade industrial e de serviços e, consequentemente, novas contratações. È justamente este ciclo que fica abalado com as novas acusações.
O impacto dessa nova onda negativa já pôde ser verificada nas primeiras horas desta quinta-feira (18), quando a bolsa de valores de São Paulo assistiu à queda de mais de 10% nas ações das empresas em poucos minutos. O movimento provocou a paralisação das negociações. O mercado entrou em pânico. A variação encerrou o dia ficou negativa em 8,83%. Já o dólar fechou com a maior alta em 14 anos.
“O mercado financeiro se baseia em expectativa futura. Se há uma expectativa de melhoria, que é o que vinha acontecendo, então as pessoas e os agentes econômicos começam a ficar mais otimistas. Mas à medida que sai o fato [acusação contra Temer], os agentes pensam o seguinte: ‘E daqui pra frente? Será que esse caminho que nós estávamos andando vai se materializar?’. Então eles começam a fazer uma correção das posições”, afirma o economista André Bona, educador financeiro do Blog de Valor.
“Corrigir posições”, explica ele, significa revisar as expectativas de ampliação de gastos e investimentos: o dinheiro que ia sair do bolso tende agora a ficar guardado por mais tempo.
— Tem um baque na queda de ativos da bolsa de valores, alta do dólar, alta de juros e expectativa de aumento de risco para o país.
O economista Richard Rytenband, comentarista do Jornal da Record News, resume o sentimento dos agentes financeiros: “O mercado odeia incertezas”.
— Com incertezas, os investimentos não saem da gaveta e as pessoas deixam de consumir.
Se os grandes investidores e as grandes empresas diminuem as expectativas e seguram a grana, os pequenos e médios empresários sentem ainda mais.
“Na medida em que você tem as maiores empresas reduzindo as expectativas de lucro, então as pequenas têm que revisar as suas intenções de investimento também”, explica Bona.
— Quando essas empresas grandes reduzem investimentos, elas vão demandar menos serviços dessas empresas menores, que são as empregadoras de larga escala. Elas sofrem mais porque as empresas de grande porte ainda têm como se defender um pouco da crise, mas o pequeno está no limite da realização da atividade dele para sobrevivência.
Taxa de juros, câmbio e inflação são as grandes dúvidas
As notícias são ainda mais desestimulantes, de acordo com os analistas, porque foi justamente nesta semana que o Banco Central divulgou a prévia do Pcrise