De Salvador a Cachoeira, Batatinha fez da Bahia um terreiro de samba
Em cada cidade, o samba acendeu uma chama. Em Salvador, a centelha da estreia. Em Camaçari, a roda ganhou novos contornos. Em Feira de Santana, o lirismo se expandiu em canto coletivo. Em Santo Amaro, a poesia encontrou o rio e a memória. Agora, em Cachoeira, às margens do Paraguaçu, o espetáculo “Batatinha – 100 Anos de Samba e Poesia” fecha sua temporada como quem encerra um ritual de celebração.
Mais que um show, foi um percurso de afeto, ancestralidade e resistência. O palco se fez terreiro, a música virou reza e Batatinha — o poeta do samba — reviveu em corpo, voz e lembrança. Cada acorde foi também um reencontro com a Bahia profunda, que pulsa no compasso do pandeiro e na cadência do coração.
“Batatinha é uma memória viva da Bahia”, disse no início a diretora de Artes da FUNCEB, Gabriela Sandyego. E essa memória, multiplicada em canções, histórias e gestos, atravessou escolas, praças e teatros, aproximando novas gerações de um mestre cuja obra permanece presente.
No palco, Dody Só não apenas cantou: ele habitou o universo de Batatinha. Corpo e alma se fizeram ponte entre passado e presente, recriando o lirismo do “samba de estufa” com a intensidade de quem entende o samba como pensamento e espiritualidade. Ao lado de convidados especiais — Juliana Ribeiro, Nelson Rufino, Zé Araújo, J. Velloso e, agora, Claudya Costta — o espetáculo se tornou um mosaico da diversidade do samba baiano, abrindo espaço para que cada cidade imprimisse sua marca nesse cortejo poético.
Encerrar em Cachoeira é também devolver ao rio a poesia que dele brota: correnteza de histórias, batuques e vozes que seguem adiante, levando Batatinha sempre vivo, sempre presente, sempre cantando na memória da Bahia.
A iniciativa é da Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), unidade da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA), e integra a programação comemorativa do centenário de Batatinha, unindo música, poesia, dança e ancestralidade em um espetáculo gratuito e para todas as idades.
Serviço
O quê: Espetáculo “Batatinha – 100 Anos de Samba e Poesia”
Com: Dody Só e participação especial de Claudya Costta
Quando: 29 de agosto de 2025, às 19h
Onde: Cine/Teatro de Cachoeira
Quanto: Gratuito | Classificação: Livre