Salvador, 8 de dezembro de 2025
Editor: Chico Araújo

Espetáculo ARVORÉ emociona público em apresentações em diferentes espaços

O espetáculo ARVORÉ estreou em Camaçari neste fim de semana, encantando o público que foi convidado a refletir e se emocionar, em uma experiência sensível e poética. No sábado (20), o solo foi levado ao palco do Teatro Cidade do Saber (TCS), simbolizando o novo momento do espaço, que, inclusive, marca de forma especial a trajetória artística da atriz Rebeca Oliveira.

“Comecei nas artes cênicas no curso ofertado na Cidade do Saber, e para mim é muito especial voltar para cá com essa obra autoral e ver esse teatro ser reaberto, estando em funcionamento. Estou muito feliz, mesmo, de estar aqui”, ressaltou a artista.

Propondo um encontro delicado entre arte, vida, loucura e natureza, ARVORÉ entrelaça o feminino, o desequilíbrio psíquico e o mundo em colapso. O monólogo germina a partir de vivências pessoais, histórias ancestrais e memórias. Em cena, a personagem – mulher, artista, árvore – entrelaça as fragilidades humanas às feridas do planeta, questionando o que é considerado “normal” e ressignificando a loucura como força criativa, crítica e transformadora.

Em cena, Rebeca Oliveira fala sobre a essência de ARVORÉ, que está intimamente ligada ao âmago da arte. “Sobre recriar e reexistir quantas vezes for preciso. Mas a gente não precisa pensar sobre isso a partir de uma lógica comum, estamos livres, aqui agora, para pensar e criar sentidos a partir disso. Não precisamos seguir algum tipo de normalidade, nossa imaginação voa. Mas eu sei que existe uma conjuntura social louca que insiste em dizer que precisamos ser normais, mas isso aqui é para falar da arte”, declama no palco a atriz.

O espetáculo nasce da imagem simbólica da árvore invertida, título que é também um neologismo poético, evocando contradição, deslocamento e resistência. A narrativa costura metáforas e memórias em um fluxo que atravessa o corpo, a palavra e a imagem, tratando de temas como: a loucura como potência artística e subversiva; o feminino como território de memória, cuidado e reinvenção; a crise ambiental como espelho das rupturas internas do ser; e a arte como meio de reorganização subjetiva e social.

A circulação do espetáculo em Camaçari recebe apoio financeiro do Governo Federal, através do Ministério da Cultura (MinC), via Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB); e da Secretaria de Cultura (Secult). A titular da pasta, Elci Freitas, estava na plateia e, ao aplaudir a apresentação, falou sobre a importância da política pública, que teve mais de 100 projetos contemplados, promovendo o fomento e a democratização cultural no município. “A gente fica muito feliz e muito agradecido de estarmos de volta neste espaço, que é o Teatro Cidade do Saber, que está aberto aos artistas, especialmente aos da nossa cidade”, destacou.

Após as sessões, o público – que contou com a presença de pessoas acompanhadas pelo Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), através de mediação cultural – foi convidado a participar de um bate-papo com a artista, ampliando os sentidos da experiência e fortalecendo os vínculos entre arte, saúde mental e educação.

Entre as pessoas que compartilharam a experiência em assistir a montagem estava Erivan Tavares, 45 anos, morador de Arembepe. “Fala de um mundo onde tem muitas transformações, muitas mudanças, e nós somos isso, que foi tratado na peça. Essas mudanças falam da gente, falam do mundo. Parte de uma sensibilidade muito grande, onde você quer chegar, que é nossa humanidade. E fica essa semente: precisamos ser humanos”, refletiu o professor, que também já foi aluno do curso de teatro da Cidade do Saber.

No domingo (21), ARVORÉ esteve em cena no cineteatro da Pracinha da Cultura, no bairro Tancredo Neves (Phoc III), ampliando para um novo público que também pôde se emocionar e dialogar, através dos diferentes signos trazidos pela peça.

Por lá, Dilma Costa, 45 anos, foi uma das espectadoras, que fez questão de compartilhar suas impressões. “Fui uma das pessoas atendidas no CAPS III convidadas a participar e achei muito interessante este convite. A cidade estava precisando deste banho cultural, pois a cultura liberta e salva. Esse espetáculo é grandioso e me senti representada nele, que, de uma forma poética e metafórica, diz o que queremos falar e o que sentimos. Por meio de uma linguagem que não é tão utilizada em nosso cotidiano, a arte nos arrebata, abordando temas importantes de forma leve”, classificou a instrutora de crianças e adolescentes, moradora do bairro Phoc II.

Atriz e contadora, Dandara Alves, 32 anos, também elogiou a montagem. “Gostei muito. ARVORÉ me emocionou em diversos momentos. Fico feliz, principalmente em assistir a obra de uma artista que é da nossa cidade, ocupando este espaço importante”, disse a moradora do Ponto Certo.

Ambas as apresentações contaram com acessibilidade em Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Nesta semana, a obra chega à orla de Camaçari. Na quinta-feira (25), às 15h, a peça será encenada no Teatro Tupinambá, localizado no Colégio Estadual de Tempo Integral de Vila de Abrantes; e na sexta-feira (26), a temporada é finalizada, também às 15h, no Centro Cultural Barra do Pojuca. Os ingressos serão distribuídos uma hora antes de cada sessão, nos locais de apresentação. A classificação indicativa é 12 anos. Mais informações podem ser obtidas através do Instagram do ARVORÉ, disponível neste link.

Ficha técnica:

Concepção, dramaturgia e atuação: Rebeca Oliveira

Direção artística: Georgenes Isaac e Rebeca Oliveira

Direção visual (cenografia e figurino): Gelton Sacramento

Produção Executiva: Gelton Sacramento

Assistência de Produção: Silas Menezes

Iluminação: Maick Barreto

Cenotécnico: George Santana

Costureira: Angélica Paixão

Pintura no figurino: Juliane Palmeira

Designer gráfico: Isabella Souza

Fotografia: Suellen Sales

Assessoria de Imprensa: Emile Lira

Realização: Coletivo das Liliths

Foto: Sophia França e Arquivo

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