Salvador, 8 de dezembro de 2025
Editor: Chico Araújo

Ameaça contra jornalista da TV Aratu reforça necessidade de defesa do Jornalismo

A diretoria do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) manifesta sua solidariedade à jornalista Lícia Fontenelle, repórter da TV Aratu, que sofreu ameaça de morte na última segunda (28), durante o cumprimento de uma pauta numa Unidade de Saúde da Família (USF), no bairro de São Cristóvão, em Salvador.

Na manhã da quarta-feira (30) a colega conversou com a diretoria da entidade e relatou minuciosamente os momentos de medo que passou, uma parte deles na companhia do repórter cinematográfico David Anderson Machado. No final da tarde, ela tomou a iniciativa de publicar a denúncia sobre o fato em sua conta no Instagram.

Segundo relatos de Lícia, ela recebeu uma pauta da TV para acompanhar um caso de uma inesperada morte de um bebê na citada unidade de saúde. A colega contou que se dirigiu até o local e, como sempre faz nesses casos sensíveis, pediu ao repórter cinematográfico que a deixasse primeiro apurar as informações com a família para entender a situação e verificar a disposição dos familiares em dar declaração.

Lícia conta que ao chegar ao local ligou para um telefone que seria da avó da criança, mas que a mesma atendeu e na sequência desligou. Ligou então para um segundo número que havia sido passado pela produção da TV. Foi atendida por um homem que se apresentou como o pai do bebê, mas não teve muita oportunidade de conversar. Ao se apresentar, disse que o mesmo já respondeu agressivamente, xingando-a proferindo termos depreciativas à sua condição de mulher. E que depois passou a ameaçá-la, inclusive dizendo que a mataria.

Licia disse que ao sentir o clima muito extremo, retornou para relatar o fato ao colega Davi Anderson e sugerir se retirarem do local para conversar com a produção de maneira mais tranquila. Falou que logo que adentrou o veículo, percebeu que um homem se aproximou rapidamente e começou a gritar e a chutar o carro, primeiro do lado do motorista, depois do seu lado, fazendo um movimento como se fosse sacar uma arma, sendo contido por uma outra pessoa.

Segundo Lícia, foram poucos momentos, mas de muito terror e medo. Ela disse que se sentiu seriamente ameaçada quando ele falou ao telefone que iria matá-la e depois quando se aproximou pessoalmente, chutou o carro e fez menção de retirar alguma coisa da cintura, que ela julgou poderia ser uma arma. E que se sentiu atingida como mulher, ao ser xingada com palavras depreciativas.

Defesa do Jornalismo

O presidente do Sindicato, Moacy Neves, que conversou com Lícia na manhã desta quarta (30), disse que este ato covarde, mesmo que venha acompanhado de todas as explicações emocionais plausíveis, não se justifica. “A emoção de perder um filho não é motivo para uma pessoa ameaçar outra de morte”, afirmou. Para ele, a jornalista agiu de forma ética e humana, primeiro buscando conversar com a família, sem impor uma cobertura sensacionalista ou desrespeitosa e, mesmo assim, foi xingada, ameaçada e quase agredida fisicamente.

Ao colocar o Sinjorba à disposição da colega para ajudar no que for necessário, Moacy a parabeniza pela coragem de registrar o boletim de ocorrência e denunciar o fato. “Quando conversei com Lícia, opinei que foi positivo ir logo à polícia e que ela deveria publicar a denúncia, primeiro para inibir uma futura ação de quem a ameaçou e, segundo, para chamar a atenção à necessidade de a sociedade defender o jornalismo, pois hoje os profissionais estão expostos nas ruas, em especial após os últimos anos de discurso de descredibilização da imprensa por parte de setores políticos”, disse.

Por fim, Moacy lembra a necessidade de os veículos estabelecerem protocolos de segurança aos profissionais para as coberturas sensíveis. Ele disse que esse pleito é uma cláusula da pauta de reivindicações desse ano, que já está sendo enviada às empresas de comunicação, mas que não pode ser apenas uma manifestação de desejo e uma intenção, mas uma exigência, urgente, para preservação da integridade física da categoria.

O presidente do Sinjorba disse que vai incluir o caso no rol dos que estão sendo acompanhados pela Rede de Proteção e Combate à Violência contra Profissionais de Imprensa, fórum que é coordenado pelo Sindicato e pela ABI-Bahia, com a participação de veículos de comunicação, secretarias de Segurança Pública e de Justiça, Defensoria Pública, polícias Civil e Militar, além da Guarda Municipal de Salvador.

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