Salvador, 8 de dezembro de 2025
Editor: Chico Araújo

Beneficiário do Bolsa-Atleta Salvador e medalhista paralímpico revela como o esporte o ajudou a superar limites

O atleta paralímpico Renê Campos Pereira, natural de Itapetinga e integrante do programa Bolsa-Atleta Salvador, era uma criança com potencial para o futebol. Passou pelas peneiras dos times do Bahia e Vitória, sendo aprovado em todas. No entanto, seu pai, preocupado com a pouca idade do filho, não deu o apoio suficiente para que ele seguisse no mundo da bola.

Aos 14 anos, Renê decidiu que seguiria a carreira de médico e saiu do centro-sul da Bahia para estudar em Salvador. Naquele momento, o esporte deixou de ser um sonho e passou a ser apenas uma atividade recreativa.

A conclusão do curso de Medicina aconteceu em 2004, e, no ano seguinte, veio a convocação para o serviço militar obrigatório. Tudo corria bem até que, em 2006, após sofrer fortes dores e ser internado várias vezes, com dificuldades até para se manter em pé, ele foi diagnosticado com um problema na medula. Ainda naquele ano, Renê perdeu os movimentos das duas pernas.

Como parte de sua recuperação, o médico começou a praticar natação e se interessou pelo esporte, a ponto de participar de um campeonato Norte-Nordeste em 2010, na prova de 50 metros, onde ficou em terceiro lugar. Pouco tempo depois, ele conheceu o remo adaptado.

“Através de um colega, conheci o remo adaptado, que parecia mais adequado ao meu biotipo. Na natação, eu tinha uma desvantagem física, já que meu corpo era muito pesado. No remo, as pernas ficam presas e a força vem dos braços, o que se adequa melhor a mim. Em 2012, entrei em contato com o remo, vi que tinha potencial, mas, na época, por conta da correria da vida, acabei deixando essa possibilidade de lado”, conta.

Em 2014, Renê decidiu se dedicar seriamente ao esporte. Participou do seu primeiro Campeonato Brasileiro de Remo, ficando em terceiro lugar, competindo contra atletas de São Paulo, que possuíam equipamentos mais avançados. Contudo, não demorou muito para o baiano se tornar o melhor do Brasil, sendo convidado para treinar na Itália. Lá, ele competiu para representar o país no Mundial de 2015, na França. Em águas francesas, Renê conquistou a vaga para os Jogos Paralímpicos Rio 2016.

“A experiência de participar dos Jogos Paralímpicos foi fantástica. Tive o apoio da minha família e amigos. Entrar no Maracanã lotado foi uma sensação indescritível, uma explicação para tudo que vivi nos anos anteriores. Senti que tudo fazia sentido. Durante os jogos, fiquei entre os seis melhores. Após a competição, um amigo me mostrou sua medalha, e senti uma energia diferente ao segurá-la. Decidi que queria uma medalha também”, lembra o atleta.

O sonho foi realizado nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, ocorrido em 2021, quando Renê conquistou a medalha de bronze no skiff simples PR1M1x, ao completar a prova de 2 mil metros em 10min03s54, ficando atrás do ucraniano Roman Polianskyi (9min48s78) e do australiano Eric Horrie (10min00s82).

“O esporte tem dois papéis fundamentais na minha vida: o competitivo e o de qualidade de vida, tanto física quanto mental. Atualmente, sou apoiado pelo programa Bolsa-Atleta da Prefeitura de Salvador, uma iniciativa que faz a diferença na vida de todos os atletas, especialmente para aqueles em alto rendimento. O esporte é desafiador no Brasil, e o apoio, seja público ou privado, é essencial para continuarmos”, finaliza o medalhista paralímpico.

Iniciativa – O Bolsa-Atleta Salvador é um programa da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre), que proporciona apoio financeiro mensal a 235 atletas e paratletas, permitindo-lhes dedicar-se integralmente às suas modalidades. O programa abrange quatro categorias.

A Categoria A inclui atletas olímpicos, paralímpicos e surdolímpicos, com um auxílio de R$2 mil, como é o caso de Renê. A Categoria B, por sua vez, abrange atletas e paratletas internacionais, com R$800. Já na Categoria C, estão atletas e paratletas profissionais, com R$500. Por fim, na Categoria D, encontram-se atletas e paratletas de base/infantil, com R$300. Os beneficiários podem utilizar os recursos para aprimorar suas condições de treinamento e desenvolvimento esportivo.

Para solicitar a ajuda de custo, é necessário realizar inscrição exclusivamente através do site https://salvadordigital.salvador.ba.gov.br/, com antecedência de no mínimo 60 dias corridos à data da competição objeto do benefício.

Fotos: Lucas Moura/ Secom PMS

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