O Palco Multicultural, montado na Praça Municipal, foi o centro da diversidade na noite desta terça-feira (4), reunindo os concursos de Rainha LGBTRANS e Nacional de Fantasia Gay. O evento, realizado pelo Quimbanda Dudu e pelo Grupo Gay da Bahia (GGB), com apoio da Prefeitura de Salvador, celebrou a cultura LGBTQIA+ com performances de artistas locais e de outros estados.
Um dos momentos mais aguardados da noite foi o Concurso Nacional de Fantasia Gay, que atraiu a atenção do público no penúltimo dia oficial do Carnaval soteropolitano. Seis participantes de diferentes partes do Brasil disputaram o prêmio principal, exibindo fantasias gigantes repletas de plumas, paetês, brilho e criatividade.
A competição, além de exaltar a beleza e a diversidade, premiou os três melhores colocados. O primeiro lugar recebeu R$9 mil, enquanto o segundo e o terceiro levaram R$8 mil e R$7 mil, respectivamente. O vencedor foi Rafael Pereira, de Juazeiro, no norte da Bahia, com a fantasia “Encanto das Águas: O Guardião dos Mares”.
Entre os competidores estava a pernambucana Lili Ariela de Andrade, de Recife (PE), que já é veterana no concurso. Neste ano, ela apresentou a criação “Maria Bonita, a Rainha do Cangaço”, fantasia que levou mais de seis meses para ser confeccionada, com o apoio de familiares e amigos.
“Foi um trabalho intenso, dividido entre a produção da fantasia e meu emprego. À noite, começava às 20h e seguia até de manhã, antes de ir direto para o trabalho. No total, foram seis meses e dez dias de dedicação”, contou Lili.
A pernambucana já conquistou o segundo lugar em edições anteriores com a fantasia “Rainha da Estrela”, mas continua investindo no sonho de vencer. Além da riqueza dos detalhes do figurino, Lili também se destacou na performance. Para esta edição, ela apresentou “A Rainha do Chachado”, mostrando a conexão dela com a cultura nordestina. “Eu amo o que faço. Sou apaixonada pelo Carnaval e é isso que me faz continuar”, afirmou.
Investimento – Outro competidor pernambucano foi Rafael Vitor, de Itapissuma, que participou pela quinta vez do concurso. Neste ano, ele trouxe uma fantasia inspirada em Oxum, a rainha das águas e da beleza.
Diferente de alguns concorrentes que levam meses para confeccionar as roupas, Rafael produziu a própria fantasia em apenas três meses, com a ajuda de um amigo. “Usei materiais recicláveis, como espelhos, CDs e garrafas PET, e investi cerca de R$3 mil na peça”, explicou.
Além do figurino, a apresentação incluiu uma performance baseada nos movimentos tradicionais de Oxum. Para participar do evento, ele enfrentou uma jornada longa de Recife até Salvador, transportando a fantasia em um baú.
“É o básico, o simples, mas com muita animação. Dessa vez, estou confiante. Além dos gastos com a confecção, há despesas com transporte e manuseio. Mas o amor, o gosto e a vontade pela arte falam mais alto”, afirmou.
Eleição – A noite também foi marcada pela eleição da Rainha LGBTRANS, que celebrou beleza, carisma e talento. A vencedora do concurso foi Becca Baroni, nome artístico de Rebecca Cristina Navarro, que literalmente abrilhantou a passarela com figurinos em referência ao Ilê Aiyê e Timbalada e esbanjou beleza e sorrisos ao público.
A aposentada Maria de Fátima Lima, moradora do bairro de Nazaré, acompanhou de perto o concurso ao lado da filha e se impressionou com as performances. “Esse é o segundo ano que venho. Fico impressionada com a beleza das candidatas e como elas animam o público. Além do figurino impecável, elas brilham no palco com dança e dublagem. Todas estão de parabéns”, destacou.
Fotos: Antonio Santana/Saltur
