Por: Murilo Queiroz
Foto de comidas típicas da Bahia – Imagem: Cacio Murilo de Vasconcelos
Que a Bahia é a terra do dendê, todo mundo já sabe. Mas esse ingrediente se torna um protagonista único e indispensável na culinária dos baianos durante a sexta-feira santa.
Moqueca, vatapá e caruru são apenas alguns dos pratos típicos presentes na mesa durante esta data. Entretanto, a origem dessa tradição continua sendo desconhecida por muitos, e a verdade é que é fruto do sincretismo religioso.
A sexta-feira da Paixão, também conhecida como sexta-feira santa, é uma importante data religiosa na tradição cristã, na qual simboliza a crucificação e a morte de Jesus Cristo.
Nesta data, é comum entre os católicos a realização de orações, jejum, participações em celebrações litúrgicas e principalmente abstinência de carne vermelha.
Em Salvador, a tradição de comer comida baiana nesta data é fruto de processos históricos e do sincretismo religioso, que une pelo paladar o catolicismo e as religiões de matriz africana.
A explicação mais famosa pelo motivo da popularização do uso do dendê nos preparativos destas refeições é que a maioria dos pratos não leva carne vermelha, visto que frutos do mar são as proteínas mais utilizadas nestas receitas.
Por isso, o uso de camarão, peixes e bacalhau são opções não apenas práticas, mas também espiritualmente significativas para os fiéis.
Foto de um prato típico baiano, moqueca de peixe com pirão – Imagem: Internet
Para os católicos, a Semana Santa também significa realizar o jejum da carne vermelha em respeito ao derramamento do sangue do Cristo, por outro lado, no candomblé, a sexta-feira é vista como um dia puro e de leveza, por isso é preferível optar por refeições mais leves.
Portanto, há um encontro de duas culturas que dão origem ao uso do dendê e da comida baiana na sexta-feira da paixão. A Bahia, como berço do encontro entre diferentes culturas, prova mais uma vez que a tradição e o sincretismo religioso se encontram e se respeitam.
A tradição da culinária afro-baiana ultrapassa barreiras e atinge muitas gerações.
De acordo com o Chef de cozinha baiano Bruninho Guima, a tradição de comer comida baiana na sexta-feira santa é importante para a construção de uma identidade: “Preservar essa tradição é mais do que manter um cardápio. É manter viva uma história de resistência cultural, de criação coletiva e fé reinventada (…) É reconhecer que a Bahia é feita de cruzamentos e que é justamente isso que nos faz tão únicos”, finaliza Bruno.
Confira o Bate Bola com o Personal Chef Bruninho Guima! Na entrevista, o chef expõe sua opinião a respeito da relação entre a culinária baiana e a sexta-feira santa. Além de relatar o custo médio para preparar as receitas e muito mais! Confira: https://www.digabahia.com.br/batebola-com-o-personal-chef-bruninho-guima-culinaria-baiana-e-sexta-feira-santa/
Matéria escrita por: Murilo Queiroz