Salvador, 10 de dezembro de 2025
Editor: Chico Araújo

Espetáculo “Josefina, a dos Ratos” volta a cartaz no Museu de Arte da Bahia, em homenagem aos 100 anos de eternidade de Franz Kafka

Quando o escritor tcheco Franz Kafka (1883 – 1924), em fase terminal de sua vida, aos 40 anos, escreveu o conto “Josefina, a Cantora, ou O Povo dos Ratos”, não tinha ideia do quanto o impacto da universalidade de sua obra iria romper paradigmas e atravessar fronteiras para muito além do continente europeu. No mês de junho, homenageando o centenário de eternidade de Kafka – e celebrando especialmente o ciclo de celebração dos 60 anos do Teatro Vila Velha, essa história terá novamente uma releitura baiana, de atmosfera contemporânea, polifônica e multimídia, integrando as ações O Vila Ocupa o MAB, programa de ocupação artística do Teatro Vila Velha, com apoio financeiro do IPAC/Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. As apresentações são nos dias 13, 14, 20 e 21 de julho. Sábado, às 19h, e no domingo, às 17h, no Museu de Arte da Bahia. Os ingressos podem ser adquiridos através do Sympla (LINK: https://t.ly/F5YUc  ) ou na bilheteria do espaço, por R$20 (meia) e R$40 (inteira).

 

Conhecendo mais sobre a história: Na fábula original, Josefina é uma rata cantora que quer viver para seu canto, e ser reconhecida por isso. Seria justo, portanto, que fosse dispensada do trabalho comum a que todos do seu povo são obrigados, pois são tarefas que diminuem sua força para desenvolver plenamente seu canto e sua missão: a de proteger, com sua arte, o povo. Este propósito é questionado por um narrador que coloca em dúvida o talento de Josefina, que não seria necessariamente o de cantar, mas o de manipular sua plateia, capturada num encantamento gerado por uma série de estratégias e atitudes, que a tornam quase intocável. Segundo o narrador, isso é fácil de conseguir daquele povo “tão acostumado com a desgraça” que o faz dependente de qualquer “salvador”.

 

Na releitura de Meirelles, o único narrador da obra original de Kafka se multiplica nos diversos tons, sons, corpos, gestos e nuances dos jovens atores da universidade LIVRE de teatro vila velha, e na tradução corporal do ator e dançarino Ariel Ribeiro, convidado pelo Teatro dos Novos, grupo realizador do projeto. A partir de um processo de construção e atuação cunhado como Teatro-Coral, o encenador imprime mais uma vez uma das marcas mais expressivas de sua dramaturgia; em que o coro de atores se espelha, criando ecos e duplos na cena.

 

Esse coro de ratos que decreta Josefina como necessária ou inútil, entre defesas apaixonadas e protestos acalorados, dialoga com os tempos polarizados da nossa sociedade, em tempos de desqualificação e ataques à arte e à cultura.  A personagem de Josefina é a metáfora dessas contradições. Nessa guerra de narrativas, muitas camadas e abordagens que discutem a sociedade de consumo, a cultura de massa, a ilusão da popularidade como valor artístico, a necessidade de representatividade, entre outros assuntos que geram um grande debate, uma grande assembleia cênica.

 

Curiosidadeno ano de 1990, Meirelles montou uma versão do conto em que todos os atores interpretavam Josefina, com o elenco da Companhia de Interesses Teatrais (CIT), formado por Clécia Queiroz, George Mascarenhas, Nadja Turenko, Tereza Araújo e Yulo Cézar. Na época, o espetáculo ganhou o Prêmio de Melhor Atriz do Festival Teatro e Dança de João Pessoa, para Tereza Araújo.

 

Para ficar atualizado e bem informado sobre toda a programação de “O Vila Ocupa o MAB” e também sobre o programa “O Vila Ocupa a Cidade” (um calendário amplo e intenso de ações, criações, atividades e espetáculos em outros espaços culturais da cidade), acesse o instagram @teatrovilvelha e acompanhe as novidades nas redes sociais.

 

O Teatro Vila Velha conta com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.

 

SERVIÇO:

Espetáculo “Josefina, A dos Ratos” – Cia. Teatro dos Novos e Universidade LIVRE de Teatro Vila Velha 

Dias: 13, 14, 20 e 21 de junho. Sábado, às 19h, e no domingo, às 17h

Local: Museu de Arte da Bahia – Corredor da Vitória – Salvador/Bahia

Duração: 90 minutos

Classificação: 14 anos

Valor: R$20 (meia) e R$40 (inteira)

Os ingressos podem ser adquiridos através do Sympla (LINK: https://t.ly/F5YUc   ) ou na bilheteria do espaço, com valores diferenciados para cada lote.

 

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