O livro, fruto de pesquisas iniciadas em 2019 e revisado com rigor técnico, percorre a trajetória de famílias como Hagge, Maron, Midlej, Salomão e Thiara, imigrantes do fim do século XIX e início do XX que se instalaram em municípios da microrregião do sudeste baiano, entre sertões, rios e pequenas cidades. Midlej não se limita a levantar fatos; busca contar “como” essas vidas se entrelaçaram com a terra, o trabalho e as tradições locais, as vitórias e os ruídos, os amores e as perdas.
O autor traz ao livro uma história pessoal que explica parte de sua dedicação ao tema. “Exatamente em razão de minhas origens. Meu avô materno é libanês, natural da cidade de Kaituly e minha avó é egípcia, nascida em Alexandria”, conta ele, explicando que as memórias domésticas – os sabores, falares, encontros familiares – foram o gatilho para a investigação.
De repórter esportivo em 1969 a chefe de sucursal e editor, a trajetória profissional de Midlej é longa e diversa. Nascido na Ponta do Humaitá, em Salvador (4 de dezembro de 1945), estudou em escolas públicas e concluiu o bacharelado em Direito em Jequié (BA). Ele integra a Assembleia Geral da Associação Bahiana de Imprensa e já trabalhou em veículos como A Tarde e Correio da Bahia, dirigiu a extinta revista Bahia em Foco e assinou livros de crônicas, contos e um romance histórico antes deste volume.
O processo de pesquisa, conta Midlej, não foi simples. “Penoso. As famílias já se encontram na terceira ou quarta geração. Os imigrantes ou descendentes diretos, em primeiro grau, já haviam falecido ou já se encontravam em idades provectas, o que dificultava as lembranças de fatos, nomes, datas…”, lembra o autor, que recorreu a cruzamentos entre relatos orais, fotos antigas, memórias de contemporâneos e registros cartoriais (o chamado “modelo 19”), documento de controle de estrangeiros que ajudou a ancorar datas e locais.
O equilíbrio entre rigor acadêmico e narrativa agradável foi uma das preocupações do autor. A obra contou com revisão técnica de Jussara Midlej e edição do professor Sérgio Mattos, que também assina o prefácio. Midlej ressalta que seu objetivo principal foi contar histórias humanas de maneira fiel e documentada.
“A saga dos sírios e libaneses no sudeste da Bahia” chega, portanto, como um esforço de resgate memorial e como instrumento para futuros estudos sobre imigração e identidade regional. Para leitores interessados em genealogia, história local, economia do cacau e do café, ou simplesmente em boas histórias de vida, o livro oferece tanto dados quanto relatos que nutrem a imaginação e a pesquisa.
Assim como ocorreu no lançamento em Jequié, em agosto, na sessão de autógrafos de Salvador, Midlej espera ver reunidos jornalistas, historiadores, representantes da comunidade sírio-libanesa e o público que acompanha sua trajetória, em uma noite de celebração de memória que materializa o que ele sempre fez: transformar vidas em palavras e, com isso, preservar parte fundamental da história da Bahia.
SERVIÇO
Lançamento: “A saga dos sírios e libaneses no sudeste da Bahia”
Data: 17 de outubro, às 17h
Local: Livraria LDM do Shopping Bela Vista (L2 – Asa Sul), Alameda Euvaldo Luz, 92 – Horto Bela Vista, Salvador-BA