Salvador, 9 de outubro de 2025
Editor: Chico Araújo

Setembro em Flor reacende alerta para cânceres ginecológicos

Brasil registra cerca de 30 mil novos casos por ano

A campanha Setembro em Flor chama atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce dos cânceres de colo do útero, endométrio, ovários, vagina e vulva. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o país registra cerca de 30 mil novos casos anuais, sendo mais de 16 mil apenas de câncer de colo uterino. Na região Norte do Brasil, a mortalidade por câncer de colo uterino chega a superar a do câncer de mama. A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) lembra que a maioria poderia ser evitada com rastreamento regular, uso de preservativo e acesso às vacinas contra o HPV (previne câncer de colo uterino, vagina, vulva, ânus e orofaringe nas mulheres).

A porta de entrada para a prevenção está em exames simples e acessíveis, como o Papanicolau e o teste de DNA-HPV, capazes de identificar lesões antes de evoluírem para tumores de colo uterino. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) também oferece a vacina contra o HPV para meninas e meninos a partir dos 9 anos de idade, antes do início da vida sexual. “A imunização no tempo adequado, uso de preservativo e realização dos exames de rastreamento são ferramentas poderosas, capazes de um dia erradicar o câncer de colo uterino”, afirma o oncologista Cleydson Santos, coordenador do serviço de Oncologia do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS).

Nos últimos anos, o diagnóstico também se beneficiou de novas tecnologias de imagem, testes moleculares, novos medicamentos incluindo imunoterapia e acompanhamento multidisciplinar, que permitem identificar alterações mais cedo e direcionar terapias de forma personalizada. “A oncologia ginecológica tem avançado não apenas no tratamento, mas também na forma de compreender cada caso, o que aumenta as chances de cura e reduz os impactos da doença na vida das mulheres em todos os aspectos. Infelizmente, ainda existe um abismo no acesso ao diagnóstico e tratamento entre o sistema privado e o público, o que é desolador, uma vez que a maioria das pacientes, muitas delas com casos já avançados e graves, depende do SUS”, explica Cleydson Santos.

Robótica como ápice da inovação

Nesse cenário de transformações, a cirurgia robótica desponta como uma das maiores inovações no tratamento de doenças ginecológicas. O número de robôs cirúrgicos no Brasil mais que dobrou entre 2018 e 2024, passando de 51 para 111 equipamentos, enquanto os procedimentos cresceram mais de 400% no período. A entrada de novos fabricantes tem reduzido custos e ampliado o acesso.

A técnica oferece maior precisão, menor sangramento, recuperação acelerada e menos complicações. “A cirurgia robótica nos permite atuar com precisão milimétrica em condições delicadas como miomas, endometriose e tumores ginecológicos”, explica o cirurgião oncológico e robótico Ricardo Amaral, do HMDS. “Essa tecnologia reduz o trauma cirúrgico e acelera a recuperação das pacientes”, completa.

Nos casos oncológicos, a robótica possibilita margens cirúrgicas mais amplas e seguras, preservando funções e qualidade de vida. “Os movimentos do console controlados pelo cirurgião garantem estabilidade, com visualização ampliada e em 3D. Isso se traduz em menos dor, sangramento, menor tempo de internação e reintegração mais rápida da paciente”, acrescenta o cirurgião,

Desafios e acesso

Apesar dos avanços, a obstetra e ginecologista Ilser Ligia Martinez Noguera, do HMDS, alerta que o desafio ainda é levar informação e acesso a todas as mulheres. “Muitas pacientes não realizam exames preventivos com regularidade e descobrem a doença em estágios avançados, quando o tratamento é mais agressivo e as chances de cura são menores”, observa.

Para a médica, “é fundamental fortalecer políticas públicas que garantam rastreamento efetivo, vacinação e tratamento de qualidade em todas as regiões do país”. A combinação entre campanhas de conscientização, prevenção e tecnologia cirúrgica de ponta representa hoje a estratégia mais efetiva para reduzir a mortalidade por câncer ginecológico no Brasil.

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