Cerca de 30 milhões de mulheres têm impacto na qualidade devido à insuficiência ovariana prematura, popularmente conhecida como menopausa precoce. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que apontam para que quase 8% da população feminina convivem com esta condição.
A menopausa precoce acontece quando a mulher perde a função ovariana antes dos 40 anos. Nesse caso, ela apresenta uma elevação de FSH acima de 30 (hormônio folículo estimulante) e queda no nível de estradiol, que é o principal hormônio feminino
A causa da menopausa precoce pode ser desconhecida (uma idiopatia) ou pode estar relacionada a outros fatores, tais como: doenças autoimunes; causas cirúrgicas, nas quais a paciente retira os ovários); ou ser consequência de quimioterapia, que acaba atuando em vários tecidos do corpo, bem como nos ovários. O problema também pode estar relacionado ao tabagismo, pois pacientes que fumam costumam adiantar a insuficiência ovariana em dois anos.
Identificando os sinais
Os sintomas variam de pessoa para pessoa, dependendo das causas que levaram à insuficiência ovariana. Irregularidade menstrual ou ausência, ondas de calor (fogachos) são as queixas mais comuns, assim como irritabilidade, alterações no sono, pele seca, dores no corpo e ressecamento da vagina.
De acordo com a ginecologista Lorena Porto, da Unidade de Saúde da Mulher do Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA/Ebserh), verificados esses sintomas, são indicados exames de sangue e hormonais, além de outros laboratoriais, para o diagnóstico preciso, a fim de afastar outras causas que deixam a mulher sem menstruar.
“Algumas doenças que podem levar ao atraso ou ausência da menstruação podem ser confundidas com a insuficiência ovariana prematura, como distúrbios na tireoide, ou como consequência do anticoncepcional injetável, que leva à ausência de menstruação por um ou dois anos”, relata a médica.
Preservando a qualidade de vida
As mulheres que passam pela menopausa precoce podem sofrer mais do que aquelas apresentaram a condição no período regular. Questões hormonais, perda de massa óssea e osteoporose são algumas complicações que podem comprometer a qualidade de vida desse público.
Os estudos mostram também que o estradiol tem uma grande importância na proteção cerebral. Em níveis reduzidos, pode levar a problemas de memória e concentração. Com a redução da quantidade de estrogênio, a pele fica mais ressecada e há queda de cabelo, por isso a importância de iniciar o tratamento o quanto antes.
A ginecologista Lorena Porto alerta que o estilo de vida precisa ser modificado, mesmo com a reposição hormonal. “Importante inserir na rotina a prática de atividades físicas, especialmente as de resistência, para melhorar a massa óssea e os níveis de colesterol, além do cuidado com a alimentação”, destaca.
Ela completa que, em todo o processo, as mulheres precisam receber orientações médicas moderadas e livre de tabus. “O envelhecimento é um processo natural, e a menopausa é uma fase em que continuamos produtivas e não reprodutivas, especialmente acima dos 45 anos. A menopausa antes do 40 é uma situação delicada, porque não é esperada e torna-se uma situação prematura! Por isso, é necessário tirar esse conceito de que a mulher não é mais produtiva. É importante ter este ‘olhar’ para a mulher. Fazer reposição de hormônio, orientar a atividade física, desmistificar e quebrar tabus é necessário, porque a vida continua”, reforça Lorena.
Sobre a Rede Ebserh
Desde outubro de 2012, o Hupes-UFBA é filiado à Rede Ebserh. A Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.