A tensão no Oriente Médio atingiu um novo patamar neste domingo (22), com o Irã acusando o presidente dos EUA, Donald Trump, de traição e declarando que qualquer cidadão americano ou militar na região é um alvo legítimo de retaliação. A declaração surge horas depois de os Estados Unidos terem bombardeado as centrais nucleares iranianas de Isfahan, Natanz e Fordow, um movimento que coloca Washington diretamente no conflito entre Israel e o Irã.
O ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, detalhou as diversas opções de resposta de Teerã ao ataque. Entre elas, estão retaliações contra alvos americanos na região e, significativamente, o fechamento do Estreito de Ormuz, uma via marítima crucial pela qual escoa grande parte da produção mundial de petróleo. Araghchi, que em breve se reunirá com Vladimir Putin em Moscou para discutir a crise, enfatizou a “parceria estratégica” e a coordenação contínua com a Rússia.
Em coletiva de imprensa na capital iraniana, Araghchi criticou duramente Trump, alegando que o presidente americano “traiu o Irã” – país com o qual estaria envolvido em negociações nucleares – e “enganou seus próprios eleitores” ao não cumprir a promessa de campanha de acabar com as “guerras eternas” dos EUA. Araghchi reafirmou o direito do Irã de defender seus interesses de segurança, deixando claro que a porta para a diplomacia está fechada “neste momento” diante da “agressão” sofrida.
Em meio à escalada, o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, foi levado para um local seguro, e seus sucessores já foram nomeados, indicando a gravidade da situação. O Ministério das Relações Exteriores iraniano classificou o ataque dos EUA como uma “violação grave e sem precedentes” do direito internacional, alertando que o “silêncio diante de uma agressão tão flagrante mergulharia o mundo em um nível sem precedentes de perigo e caos”.
Em resposta imediata ao bombardeio, o Irã lançou novos ataques com mísseis balísticos contra Israel, deixando ao menos 11 feridos. Paralelamente, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) convocou uma reunião de emergência, embora tenha confirmado que não houve vazamento de radiação nos locais bombardeados. Imagens de satélite obtidas pelo The New York Times mostraram que o Irã vinha se preparando para um possível ataque em Fordow nos últimos dias.
O bombardeio às centrais nucleares, utilizando aviões B-2 e as poderosas bombas “bunker buster”, ocorreu na noite anterior (horário de Brasília), contradizendo uma declaração de Trump na quinta-feira sobre dar uma chance à diplomacia. Em sua rede social Truth Social, o presidente americano confirmou o “muito bem-sucedido” ataque às três instalações nucleares, incluindo Fordow, Natanz e Isfahan. Mais tarde, em um breve pronunciamento, Trump defendeu os bombardeios, enviando uma mensagem clara ao Irã: “Ou haverá paz, ou haverá tragédia para o Irã.”