Salvador, 8 de dezembro de 2025
Editor: Chico Araújo

Profissionais do Materno-Infantil visitam aldeias para novas rodas de conversa e avaliação do atendimento ofertado

Profissionais médicos, psicólogos, enfermeiros, representação da Educação Permanente e diretores do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, estiveram nesta quinta-feira (06) reunidos com mulheres indígenas das aldeias Itapoan e Igalha, no Território Tupinambá de Olivença e, juntos, debateram aspectos relacionados ao processo de gestação. A iniciativa faz parte de mais uma das etapas do cumprimento das metas do Plano de Atenção Especializada aos Povos Originários (IAE-PI) que habilitou o Materno-Infantil de Ilhéus como a única unidade da Bahia especializada no atendimento à população indígena do estado. O hospital é do Governo da Bahia, administrado pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF SUS).
“A proposta é ensinarmos e aprendermos”, destaca a diretora-geral do HMIJS, enfermeira Domilene Borges. “É um momento rico de contribuições, quando debatemos o processo do parir no passado, suas expectativas, anseios e medos, numa objetiva troca de interculturalidade dentro do processo do IAE-PI”, completa. Esta não é a primeira visita às aldeias feita pela equipe multiprofissional. Mas sempre há uma renovação na equipe visitante para ampliar cada vez mais o leque de conhecimento dos colaboradores do hospital.
Caminho de novas descobertas
“Obviamente que seria cômodo caso eles viessem até a nós para fazer esse diálogo”, afirma o diretor-médico Samuel Branco. “Mas a ida de profissionais para esse ambiente, na construção também do imaginário dos profissionais, traz para eles uma realidade que não se vivencia na área urbana, a exemplo da aldeia, do acesso, da cultura. Quando a gente os leva, eles constroem esse trajeto que o paciente vive todos os dias, as dificuldades para acessar os serviços de saúde. A ida às aldeias também é um processo educacional”, assegura o diretor-médico.
A indígena Edna Juerana Tupinambá, que tem dois filhos, disse que esse é um momento extremamente importante para os dois lados. “Ter aqui uma equipe que quer saber o que precisa melhorar em nosso atendimento e entender que há um comprometimento com o nosso povo”, destacou. O médico Samuel Branco explica que esse feedback também faz parte de uma avaliação contínua exigida na habilitação do hospital. “O processo de melhoria tem que ser contínuo”, completa.
Metas e objetivos
Dentre as metas previstas estão a implantação permanente das diretrizes gerais que norteiam o programa, que vão desde a melhoria no acesso das populações indígenas ao serviço especializado; adequação da ambiência de acordo com as especificidades culturais; e ajuste de dietas hospitalares considerando os hábitos alimentares de cada etnia. A iniciativa conta ainda com o acolhimento e humanização das práticas e processos de trabalho dos profissionais em relação aos indígenas e demais usuários do SUS, considerando a vulnerabilidade sociocultural e epidemiológica de alguns grupos.
De acordo com o projeto, também estão previstos o estabelecimento de fluxo de comunicação entre o serviço especializado e a Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena, por meio das Casas de Saúde Indígena (CASAI) e a qualificação dos profissionais que atuam nos estabelecimentos que prestam assistência aos povos indígenas quanto a temas como interculturalidade.
Segundo estado com mais indígenas do Brasil
Com 229.103, a Bahia conta com a segunda maior população indígena no país, o que representa 1,62% dos habitantes do estado. Salvador é a segunda capital mais indígena do Brasil. No ranking das 50 cidades do Brasil com maior comunidade do grupo étnico, a Bahia ainda conta com Porto Seguro, em 14°, e Ilhéus, 21°. Entre a pesquisa de 2010 e de 2022, ocorreu em todo o Brasil um acréscimo de 88,8% no contingente absoluto de pessoas que se autodeclararam indígenas.
O Hospital Materno Infantil Dr. Joaquim Sampaio conta com 105 leitos, destinados à obstetrícia, à gestação de alto risco, pediatria clínica, UTI pediátrica, UTI neonatal e centro de parto normal, integrados à Rede Cegonha e atenção às urgências e emergências, com funcionamento 24 horas e acesso por demanda espontânea e referenciada de parte significativa da região sul da Bahia. O investimento do estado foi de aproximadamente 40 milhões de reais, entre obras e equipamentos. Até aqui a unidade já realizou mais 7.200 partos. Deste total, 273 foram de bebês indígenas.
Fotos: Maurício Maron

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