
“Jesus comia peixe”. As palavras de Natália Sanches, estudante de nutrição da UFBA e católica soteropolitana, refletem, talvez, o mais famoso simbolismo da Semana Santa: a culinária. Católicos do mundo inteiro se abstém de carne vermelha em todas as sextas-feiras, e, em especial, durante a Quarta-feira de Cinzas e a Sexta-feira Santa. Na Bahia, esse costume se mistura à cultura local, a moqueca de peixe e o vatapá são indispensáveis nesse período.
Restringir o consumo de carne vermelha é uma tradição que possui influências da Páscoa judaica. Para relembrar o período de escravidão no Egito, os judeus comem pão sem fermento e ervas amargas. De modo semelhante, em memória do sofrimento de Cristo, a Igreja Católica recomenda a retirada de um alimento tão associado aos prazeres e alegrias da vida terrena como forma de penitência e reflexão sobre o sacrifício de Jesus.
Apesar da inegável contribuição do candomblé nos pratos típicos do feriado, a adoção do dendê na Semana Santa é pouco sincrética. Segundo Elmo Alves, historiador e Babalorixá, o encontro da culinária afro-brasileira e o catolicismo são fruto da “identidade alimentar da cozinha de dendê”, baianos, candomblecistas ou não, desenvolveram laços afetivos com essas receitas e o sentido que cada um atribui a elas é diferente. Comer moqueca na sexta-feira, para os católicos, é um ato de renúncia e profunda conexão com Cristo; os candomblecistas, por sua vez, mal comem comidas pesadas nas sextas- dia de Oxalá, orixá que não come azeite de dendê.

Natália Sanches recorda as suas idas ao Mercado do Peixe com seu avô. “Eram experiências complicadas…sempre senti dó pelos animais e o cheiro de peixe era… bem desagradável. Lá em casa, os peixes mais usados eram a Corvina, o Robalo e o Vermelho!”. Esses são, exatamente, os peixes mais procurados durante a Semana Santa e, às vésperas do feriado, os preços aumentam. De acordo com pesquisa feita pelo iBahia (2025) nos maiores mercados de Salvador, só o quilo do Robalo está variando entre R$ 77,99 e R$ 79,00, o do Vermelho entre R$ 69,00 e R$77,99; a Corvina, então, segue sendo a opção mais acessível, variando entre R$ 20,00 e R$25,99 o quilo. ( Confira os melhores preços)
Para quem deseja testar os seu dotes culinários neste período de celebração, a dona de casa Delzangela Sanches Alves,68, avó de Natália, deixa a receita completa e ressalta “ Aprendi a cozinhar comida baiana só de olhar minha mãe fazendo, é uma tradição. Recebi de minha mãe e passei para as minhas netas!”.
Confira a receita no post a seguir.
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