Durante o ano, a produção é tímida. Mas, quando chega o ciclo junino, o cenário muda de forma impressionante. A procura pelo licor se multiplica, e marcas tradicionais, como o Licor do Porto, original da cidade de Cachoeira no Recôncavo Baiano, vivem sua alta temporada. “O impacto dos festejos juninos é gigantesco para nossa produção e comercialização. Passamos de 800 garrafas por mês para 50 mil entre maio e junho”, conta o empresário Vinicius Mascarenhas, dono da marca.

Esse aumento não movimenta apenas a empresa, mas aquece toda uma cadeia produtiva que começa na agricultura familiar e chega ao consumidor pelas mãos do comércio local. O planejamento, no entanto, começa bem antes dos festejos. Segundo Mascarenhas, os insumos e as frutas tradicionais como o Jenipapo começam a serem comprados em abril do ano anterior e em dezembro já se inicia o processo de engarrafamento da bebida, tudo calculado para que nada falte no pico das vendas.
O jenipapo é o clássico que representa a alma do São João. Mas o público se reinventa, e as marcas acompanham. No Licor do Porto, o maracujá cremoso conquistou corações e copos. “Sem dúvidas, ele superou o jenipapo. É suave, tem cremosidade, e agrada tanto a consumidores quanto a outros produtores”, afirma Vinicius.
Com novos sabores, o licor se moderniza sem perder suas raízes. A tradição se renova e, com ela, mantêm-se vivos os gestos que atravessam gerações. “O licor é uma cultura que atravessa gerações… Cada produto tem a responsabilidade de reviver memorias afetivas. Isso é São João”, reforça o empresário.