A Semana Santa está chegando e trazendo em sua bagagem um enredo carregado de simbolismos, mitos, lendas que fluem de um tempo histórico onde “as certezas são escassas”. Esse “período litúrgico” também abre espaço para “ser interpretado como uma poderosa oportunidade para denunciar os ídolos da morte presentes nas estruturas socioeconômicas e políticas contemporâneas, ao mesmo tempo em que resgata o Deus da vida” (Marco Fonseca, Sobre a Semana Santa: Uma Teologia Política para a Vida,https://epinvestiga.com/opinion/a-pr).
Jesus ocupa lugar central na Semana Santa, protagonizando uma das histórias mais plenas de sacrifício em nome e por conta de sua humanidade. Desde o século IV, a Semana Santa vem sendo ritualizada pela Igreja Católica como a memória de episódios relacionados à crucificação de Jesus, sua prisão pelos romanos, o julgamento por Poncio Pilatos e a condenação à morte. Marco Fonseca lembra que a crucificação, para o teólogo Marcus Borg e John Dominic Crossan , ex-padre católico, foi uma execução política para impor silencio à insurgência contra a opressão econômica e política imperial. Com isso, a celebração religiosa também pode revelar um Cristo que exercia liderança política e disseminava ideias de resistência ao modelo econômicodominante do sacerdócio judaico e à ocupação do impérioromano.
Cada dia desse período possui um simbolismo diferente, a Conferência Nacional de Bispos do Brasil – CNBB(https://www.cnbb.org.br/) explica os elementos que representam a Semana Santa. O Domingo de Ramos inicia todo o ciclo, celebrando a entrada de Jesus Cristo, em Jerusalém, poucos dias antes do Calvário. O chão coberto de ramos, ramagens e folhas de palmeiras, suscitou nos sacerdotes o medo pela perda de poder, começando, aí, o ardil para sua condenação à morte.
A Quinta-Feira Santa rememora a última ceia de Jesus no ritual litúrgico de lavar os pés dos discípulos, demonstrando, nesse gesto, o amor por cada um e que humildade e serviço centralizam sua mensagem”. A tarde de Sexta-Feira Santa configura a morte de Jesus Cristo no Calvário, preso na cruz, que “segue de pé como sinal de salvação e esperança”. O Sábado Santo significa o silêncio do Cristo no sepulcro. E, enfim, o Domingo de Páscoa, o dia santo mais pleno da fé cristã, “a passagem da escravidão para a liberdade”.
A Semana Santa é também um período de tradições, nocardápio e na Igreja. Natália Sá, 19 anos, católica desde o berço, estudante de Nutrição, fala de escolhas gastronômicas regionais, de partilha. A troca de ovos de Páscoa, um cardápio que potencializa a comida baiana, o exercício da caridade para alegrar outras famílias. E da Igreja, lembra as Procissões, as Encenações como a Paixãoe Crista, a Vigília Pascal, ocasião em que Natália escreve em “um bilhetinho” sobre o que mais deseja para a humanidade.
Dona Conceição, devota da Igreja Nossa Senhora da Luz, diz que a Semana Santa “é nossa festa maior”, significa crer que “tudo não se acaba, temos a esperança da Ressurreição” garantida por Jesus, que salvou ahumanidade e reconciliou o povo com Deus. Essa festasempre foi celebrada pelo povo, Pascoa é Reconciliação, um Deus que salva, que tem um amor maior que colocou seu filho na cruz por amor.
A Semana Santa pode ser revelada como um momento de profunda reflexão sobre o martírio de um homem que amou o mundo e a humanidade. Os discursos de sacrifício,de resignação diante do sofrimento e a celebração“pode(m) destacar o ato simbólico da ressurreição, um poderoso significante das lutas por justiça (Marco Fonseca). A Semana Santa simboliza a crueldade dos poderosos contra um homem que pregava a justiça, a igualdade, a partilha de bens. Mas também instiga a resistência à opressão, a insurgência diante das práticas abusivas contra a liberdade e a esperança em um outro mundo possível, uma sociedade justa, igual e solidaria.
REFERENCIAS
FONSECA, Marcos. Sobre a Semana Santa: Uma Teologia Política para a Vida, Disponível em https://epinvestiga.com/opinion/a-pr. Acesso em 07 de abril de 2025.
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Semana Santa: o significado de cada dia da celebração da paixão, morte e ressurreição de Cristo. Disponível em https://www.cnbb.org.br/. Acesso em 07 de abril de 2025.
CONCEIÇÃO, DEPOIMENTO. [abril. 2025]. Entrevistadora: Marilia Lomanto Veloso. I Phone 16 Pro. Entrevista concedida para Reportagem na Disciplina Produção Jornalística On line. UCSAL.
SÁ, Natalia Sá. DEPOIMENTO. [abril. 2025]. Entrevistadora: Beatriz. Entrevista concedida para Reportagem na Disciplina Produção Jornalística On line. UCSAL.
