O ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou neste domingo (13) que o governo federal irá preparar, ao longo da semana, um decreto para regulamentar a reciprocidade econômica. A medida tem como objetivo oferecer instrumentos legais para responder à tarifa de 50% anunciada pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.
“Vamos trabalhar ao longo desta semana. Teremos reunião com o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin. A Casa Civil, o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), a SRI (Secretaria de Relações Institucionais) e o Ministério da Fazenda vão compor o grupo de trabalho, que será coordenado por Alckmin. O decreto deve ser elaborado nos próximos dias, com previsão de conclusão até 1º de agosto”, disse Rui Costa.
Em conversa com jornalistas após a entrega de 260 unidades do programa Minha Casa Minha Vida em Salvador, o ministro ponderou que a tarifa pode nem chegar a ser implementada.
“Pode ser que nem entre em vigor, já que Trump costuma recuar em decisões. Mas, caso se confirme, o governo adotará diversas medidas para proteger a economia, o emprego e a atividade produtiva no Brasil”, afirmou.
Costa criticou duramente a postura de Trump, classificando o tarifaço como “um absurdo” e “inacreditável”. “Quando a notícia chegou, ninguém acreditou. Tivemos que confirmar com a Embaixada se era mesmo real. Nunca vimos algo assim na história da diplomacia internacional – uma carta enviada por rede social, que até hoje nem chegou fisicamente. Muito menos com ameaças diretas a um país soberano”, criticou.
Contexto
Entre os dias 7 e 12 de julho, Donald Trump anunciou uma nova rodada de tarifas sobre produtos importados de mais de 20 países. As medidas devem entrar em vigor a partir de 1º de agosto, salvo se os países afetados fecharem acordos comerciais com os EUA.
Na quarta-feira (9), o ex-presidente americano comunicou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Em uma carta publicada na rede Truth Social e dirigida ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Trump justificou a medida como resposta ao suposto tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro pelo governo brasileiro.
O documento também acusa o Supremo Tribunal Federal (STF) de censurar redes sociais dos Estados Unidos e de limitar a liberdade de expressão de cidadãos americanos. Trump ainda ameaçou elevar as tarifas caso o Brasil adote medidas retaliatórias.