O velório de Divaldo Franco, que aconteceu nesta quarta-feira (14), no ginásio de esportes da Mansão do Caminho, em Salvador, reuniu amigos e admiradores do líder espírita durante todo o dia. Ele morreu na noite de terça (13) após falência múltipla dos órgãos.
Para honrar um último pedido do religioso, o velório foi realizado com o caixão fechado, a fim de preservar a memória sorridente do médium na mente das pessoas com quem ele conviveu. O sepultamento do corpo será na quinta-feira (15), no Cemitério Bosque da Paz, às 10h.
Considerado um “pai” para as 685 pessoas que acolheu na Mansão do Caminho — instituição filantrópica que fundou em 1952, no bairro de Pau da Lima —, Divaldo foi homenageado pelos “filhos” e admiradores.
“Ele sempre falava de amor e ele nos demonstrou na prática o que é pertencer ao amor de alguém. Que não é só no laço sanguíneo, mas é no coração. Foram muitos filhos e ele amou cada um na sua individualidade”, se emocionou Maria da Paz, que chegou à instituição aos 4 anos, em entrevista à TV Bahia.
Antes de falecer, Divaldo Franco também pediu uma despedida simples. Ele preferia que os admiradores não comprassem lhe flores, mas sim convertessem o dinheiro em doações para a instituição filantrópica que criou.
O médium lutava contra um câncer na bexiga desde novembro do ano passado. Ele chegou a ser internado duas vezes por problemas urinários e, em fevereiro, passou a ser acompanhado por um serviço de home care. O religioso seguia em casa, na Mansão do Caminho, quando o óbito foi constatado às 21h45 de 13 de maio.
Quem foi Divaldo Franco, líder espírita que morreu aos 98 anos em Salvador
Divaldo nasceu em Feira de Santana. Aos 4 anos, teve os primeiros sinais de mediunidade. Aos 20, psicografou a primeira mensagem. Não parou mais. É autor de 263 livros mediúnicos, traduzidos para mais de 17 idiomas; 70 deles ditados pelo espírito de Joanna de Ângelis, que guiou o médium ao longo da vida dele.
Foi um dos maiores líderes religiosos do país, considerado um dos sucessores de Chico Xavier. Divaldo viajou o planeta dando mais de 20 mil palestras, virou filme em 2019, e era conhecido como Embaixador da Paz no Mundo.
“Todos esperam que a paz venha dos governos, que decrete. Nunca se terá paz por decreto, é a transformação moral do indivíduo para a melhor. Quando o indivíduo se melhora, o mundo se torna mais feliz”, afirmou Divaldo Franco.
Seguidores da doutrina, artistas, clubes de futebol e autoridades lamentaram nas redes sociais a morte do médium.
Um dos maiores legados deixados por Divaldo Franco é a Mansão do Caminho, fundada em 1952. Hoje, o complexo educacional cuida de mais de 1,6 mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e oferece, ainda, assistência médica, social e espiritual. São mais de 5 mil atendimentos todos os dias, levando acolhimento e serviço a quem precisa.
“Ele preparou o caminho e o caminho não parou com ele. Então, o bem não para. O bem é um longo caminho, e nós vamos continuar no bem, ampliando o nosso serviço e atendendo a comunidade toda”, diz Mário Sérgio Almeida, presidente da Mansão do Caminho.
O líder religioso não deixou filhos biológicos, mas teve a guarda de 685 crianças, que acolheu e cuidou ao longo da vida, como Edilson Pereira da Silva, que chegou à mansão com 3 anos.
“Nós somos filhos do amor. Homens e mulheres que largaram suas vidas, seus afazeres, seus filhos, para cuidar dos filhos alheios. Nós somos privilegiados por ter esse homem que nos ama, nos amou por toda a vida”, diz o auxiliar administrativo.
“Desde muito cedo, eu abracei a doutrina espírita, e essa doutrina, que é uma religião da ciência, uma ciência da filosofia e a filosofia da religião preencheu a minha vida de tanta beleza, que eu compreendi a necessidade de repartir”, disse Divaldo Franco.
G1