Salvador, 7 de dezembro de 2025
Editor: Chico Araújo

Lipedema afeta cerca de 10 milhões de brasileiras e ainda é subdiagnosticado

Médica nutróloga Suzana Viana explica como a nutrologia pode auxiliar no manejo da condição, marcada pelo acúmulo de gordura em pernas, braços e quadris

Condição crônica e progressiva, o lipedema é frequentemente confundido com obesidade ou retenção de líquidos. Marcada pelo acúmulo anormal de gordura nas pernas, braços e quadris, a doença atinge entre 10% e 18% das mulheres em todo o mundo. No Brasil, estima-se que pelo menos 9 milhões convivam com o problema, que não melhora com dietas ou exercícios convencionais.

O lipedema é uma doença vascular crônica, de origem hormonal e com forte componente hereditário. Os gatilhos mais comuns para o seu surgimento são a puberdade, a gravidez e a menopausa, fases de grande impacto hormonal. Os sintomas incluem dor, sensibilidade ao toque, hematomas frequentes e sensação de peso nos membros.

Segundo a médica nutróloga Suzana Viana, esse desconhecimento gera sofrimento silencioso. “São mulheres que escutam por anos que precisam apenas se esforçar mais, quando na verdade estão lidando com uma doença que não melhora com dieta ou academia. O reconhecimento médico é fundamental para que elas não se culpem e tenham acesso ao tratamento certo”, afirma.

Sintomas e impacto na vida

A doença pode comprometer a mobilidade e afetar diretamente a autoestima das pacientes. “O lipedema não é apenas um problema estético. Ele provoca dor, limitações físicas e altera a forma como a mulher se relaciona com o próprio corpo. É um quadro que exige acolhimento e orientação”, ressalta Suzana.

Além do desconforto, o lipedema muitas vezes desencadeia inflamações e pode agravar quadros como a celulite. Para a médica, o diagnóstico precoce é decisivo. “Quanto antes identificamos o lipedema, mais chances temos de frear sua progressão e preservar a qualidade de vida da paciente”, acrescenta.

O papel da nutrologia no tratamento

Embora seja uma condição crônica, o lipedema pode ser controlado com acompanhamento multidisciplinar. Entre as medidas estão o uso de meias de compressão, drenagem linfática manual, fisioterapia e, em alguns casos, lipoaspiração.

Na visão de Suzana Viana, a nutrologia é um pilar importante desse processo. “A alimentação é determinante para a evolução da doença. Um plano nutricional bem estruturado reduz a inflamação, dá suporte metabólico e melhora a circulação. É isso que ajuda a devolver energia, disposição e bem-estar às pacientes”, explica.

A médica destaca ainda que o cuidado deve ser individualizado. “Não existe receita pronta. Cada mulher tem uma história, um organismo e um estágio diferente da doença. O papel da nutrologia é personalizar esse cuidado e caminhar junto com outras especialidades”, completa.

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