Salvador, 8 de outubro de 2025
Editor: Chico Araújo

Plunct, plact, zum, não vai a lugar nenhum!

Chico Araújo*

PEC da Blindagem (ou bandidagem), dosimetria, isenção de IR, carinhos de Trump para Lula, “quem matou Odete Roitman?”, cidades dominadas por facções… e o Natal se aproximando.

O Brasil não é para amadores – ou principiantes, lembrando um ditado popularizado pelo saudoso (e tome saudoso em tempos de paredões) Tom Jobim.

Incrível, como o Brasil consegue ao mesmo tempo ser um país de infinitas riquezas, tanto naturais como o fato de oferecer ao mundo a condição de um celeiro capaz de alimentar boa parte da humanidade, além de manter uma grande parte de seu território quase intocável (a luta constante contra o desmatamento, queimadas, exploração irregular de minérios…)
Mas, ao mesmo tempo, é um país pobre, que ainda luta contra a extrema pobreza, dependente de programas sociais. Do outro lado, um pequeno percentual de ricos e extremamente ricos que sequer aceitam a possibilidade de reduzir o acúmulo de riqueza, mesmo que não consigam gastá-la por cinco gerações ou mais.
Pior, os que defendem a manutenção dessa realidade e chamam qualquer inciativa de redução das diferenças de “comunismo”.

O comunismo é uma utopia que só dá certo nos formigueiros, mas é uma falácia idiota citada nos discursos dos que preferem a manutenção de um status quo baseado nas diferenças de classes, na exploração.

O Brasil é um país extremamente rico. É roubado, dilapidado, desde que os primeiros portugueses desembarcaram por aqui. Foi explorado ao extremo. Sofreu com ditaduras militares (com obras faraônicas em que recursos foram desviados para os bolsos dos que ainda hoje são parte do percentual de ricos), com a corrupção desenfreada, quase cultural, entranhada em todos os serviços públicos, em casas legislativas viciadas na famosa “Lei de Gerson” (tem que levar vantagem em tudo, certo?), escolhas erradas, como abandonar ferrovias e apostar em cortar o país em rodovias para agradar imperialistas… E ainda assim, tem recursos para sustentar quase 20 milhões de lares com o Bolsa Família.
Nada contra, aliás, tudo a favor. Doar um mínimo de dignidade a quem passa fome, não tem emprego, passa necessidade é extremamente positivo. O problema é que nada se cria para tirar parte desse percentual de brasileiros dessa condição. ”Tá funcionando? Deixa como está!”. Infelizmente, programas sociais têm retorno em votos e todo mundo quer tirar proveito disso.
Onde está o erro? Vamos começar falando sobre educação. O Brasil não tem, nunca teve, sem se preocupa em ter um projeto de país para a educação. Muita coisa melhorou, claro. Existem recursos para escolas, para salário de professores (mesmo que ínfimos, sem reconhecer a importância desse profissional), merenda escolar, transporte… Mas, a educação ainda continua uma colcha de retalhos.

O Brasil continua tendo quase 30% da população entre 15 e 64 anos na condição de analfabetos funcionais. Ou seja, o modelo atual de educação fracassou com um terço dos brasileiros.

O que se faz para mudar isso? Alguns estados constroem muitas escolas. Concreto. Mas, não pensam em como a educação pode ser atrativa, preferindo gastar os recursos em paredes. O investimento nos humanos que vão ser os responsáveis pela moldagem das novas gerações de brasileiros, é o de menos. Cimento, tijolos e ferragens são mais importantes.
Custa tanto assim criar atrativos, como cursos profissionais rápidos, atividades voltadas ao empreendedorismo (que tanto querem nos empurrar), dotas as escolas de ferramentas para estimular cultura e o esporte?
O esporte, inclusive, é um capítulo à parte. Pouco se tem no Brasil de formação de atletas – não que tudo seja a disputa esportiva, mas que a competitividade ajuda a desviar jovens de caminhos obscuros… sem sobra de dúvida. Os governos adoram fazer autopromoção em cima de resultados de atletas, mas ninguém se preocupa com formação, da base – isso só acontece no futebol e isoladamente, por região, em alguns esportes.
Isso tudo para falar de como as coisas seriam melhores com políticos e gestores mais preocupados na formação das novas gerações, do que na geração de novos recursos para os próprios bolsos. Depois não venham reclamar da violência…!!!


Chico Araújo é Jornalista e editor do Diga!

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