Salvador, 8 de outubro de 2025
Editor: Chico Araújo

Psicóloga alerta que sofrimento emocional pode passar despercebido até entre pessoas próximas

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Muitas dores emocionais não apresentam sinais claros, o que dificulta o apoio de familiares e amigos. Profissional explica como identificar mudanças sutis de comportamento e a importância de uma rede de suporte

Nem sempre o sofrimento emocional é facilmente identificado. Mudanças internas e silenciosas acontecem com frequência sem que familiares, amigos ou colegas de trabalho consigam perceber. Isso torna o processo de pedir e oferecer ajuda ainda mais desafiador, já que a dor emocional muitas vezes não se manifesta de forma evidente, como ocorre com sintomas físicos.

Segundo o Informe Mundial de Saúde Mental da OMS, divulgado em 2022, cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com algum transtorno mental, o que representa aproximadamente 1 em cada 8 indivíduos. Esse cenário reforça a importância de falar sobre saúde mental, compreender sinais de alerta e incentivar o cuidado contínuo.

De acordo com Luana Santos e Santos (CRP 03/21486), profissional da área de psicologia do AmorSaúde, o sofrimento psíquico pode se apresentar de maneira sutil e variada. “É comum que uma pessoa em sofrimento se afaste do convívio social, perca o interesse por atividades que antes eram prazerosas ou apresente mudanças repentinas de humor. Porém, como esses sinais podem ser confundidos com fases passageiras, muitas vezes passam despercebidos até mesmo entre pessoas próximas”, explica.

Sinais sutis de sofrimento emocional

Mudanças no apetite ou no sono;
Perda de interesse em atividades antes prazerosas;
Irritabilidade ou mudanças repentinas de humor;
Afastamento de amigos e familiares.

Além desses indícios, também podem surgir dificuldades de concentração, falta de motivação e comportamentos autodestrutivos, como abuso de substâncias ou automutilação. Esses aspectos, quando combinados, merecem atenção especial e podem sinalizar a necessidade de ajuda profissional.

Mudanças de comportamento no dia a dia

As transformações no comportamento costumam ser um dos primeiros sinais observáveis. A pessoa pode apresentar irritabilidade frequente, choro fácil, tristeza profunda ou se esquivar de situações sociais que antes faziam parte de sua rotina. Em alguns casos, há dificuldade em realizar tarefas simples, o que compromete o trabalho, os estudos ou até mesmo o convívio familiar.

“A dor emocional pode ser mascarada por frases como ‘está tudo bem’ ou por sorrisos automáticos. Por isso, observar com atenção o comportamento da pessoa é essencial para que ela não enfrente tudo sozinha”, afirma Luana Santos e Santos.

Diferenças entre faixas etárias

Crianças: podem apresentar perda de apetite, tendência a ficar mais isoladas no quarto e até regressão em comportamentos já superados.
Adolescentes: costumam manifestar mudanças bruscas de humor, irritabilidade, isolamento social e até comportamentos autodestrutivos.
Idosos: frequentemente revelam perda de interesse em atividades prazerosas, isolamento social e alterações de humor ou comportamento.

Segundo a psicóloga, cada faixa etária expressa o sofrimento de forma distinta. “Não existe uma regra única de identificação. O importante é estar atento às mudanças sutis em cada idade”, reforça.

Como oferecer apoio e acolhimento

A aproximação deve ser feita de maneira empática e sem julgamentos. Estar disponível para ouvir, evitar críticas e não minimizar a dor com frases como “isso é frescura” ou “é só pensar positivo” são atitudes fundamentais. Oferecer ajuda prática, como acompanhar em compromissos ou dividir tarefas, pode ser um suporte valioso.

Outro passo importante é incentivar a busca por ajuda profissional, sempre de forma gentil e acolhedora. “Reconhecer que precisa de ajuda já é um grande passo. A partir daí, procurar profissionais de saúde mental pode fazer toda a diferença para retomar a qualidade de vida”, destaca Luana Santos e Santos.

Quando buscar ajuda profissional?

Em casos de risco de automutilação ou de machucar outras pessoas;
Presença de pensamentos suicidas ou de morte;
Dificuldade de manter a rotina e realizar tarefas diárias;
Dor emocional intensa ou prolongada.

Primeiros passos e rede de apoio

Reconhecer que não está bem é o início do processo. Conversar com alguém de confiança e procurar atendimento psicológico ou psiquiátrico são atitudes essenciais. Além disso, práticas de autocuidado, como atividade física, momentos de descanso e lazer, ajudam a fortalecer a saúde mental.

Ter uma rede de apoio é igualmente importante. Familiares e amigos podem contribuir oferecendo escuta ativa, empatia e apoio prático. Quando necessário, devem encorajar a busca por acompanhamento profissional, sempre de forma respeitosa e acolhedora.

“O sofrimento emocional não precisa ser enfrentado sozinho. Quanto mais falarmos sobre isso, menos espaço haverá para o tabu e mais pessoas poderão receber o acolhimento que merecem. Estar atento a quem está ao nosso redor é uma forma poderosa de cuidado e prevenção”, conclui a profissional da área de psicologia do AmorSaúde.

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