O meia Éverton Ribeiro, do Bahia, emocionou o mundo do futebol ao revelar, na última segunda-feira (5), que passou por uma cirurgia para tratar um câncer de tireoide. O procedimento, segundo especialistas, é parte central de um tratamento geralmente eficaz, embora possa demandar cuidados hormonais e ajustes antes da retomada total das atividades físicas.
Em entrevista ao Portal Terra, o oncologista de cabeça e pescoço Dr. William Nassib William Jr., co-líder nacional da área na Oncoclínicas, explicou que o tratamento envolve uma equipe multidisciplinar, composta por cirurgião, endocrinologista, radiologista e, quando necessário, oncologista e médico nuclear. “Em geral, o câncer de tireoide é tratado com cirurgia, seguida ou não de radioiodoterapia. A recuperação costuma ser rápida, mas a rotina de treinos pode ficar prejudicada durante o processo”, afirmou.
No caso de Éverton Ribeiro, que já passou pela cirurgia, o retorno aos gramados dependerá do equilíbrio hormonal. De acordo com Nassib, a reposição de hormônio tireoidiano é frequente após a retirada da glândula e requer monitoramento individualizado. “As doses são ajustadas de forma precisa, e esse processo pode ser demorado, o que interfere no desempenho de atletas de alta performance”, observou.
O médico também destacou uma preocupação adicional: o risco de doping acidental. Embora o hormônio de reposição não conste na lista de substâncias proibidas, alguns medicamentos utilizados no pós-operatório, como analgésicos, podem gerar resultados positivos em exames antidoping.
O que é o câncer de tireoide
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de tireoide é o tumor endócrino mais comum da região da cabeça e pescoço. A doença afeta mulheres com frequência até cinco vezes maior do que homens e, segundo estimativas do órgão (2023–2025), está entre os três tipos mais incidentes entre mulheres nas regiões Sudeste e Nordeste.
Sintomas e sinais de alerta
A tireoide pode sofrer alterações funcionais — que afetam a produção de hormônios e causam hipotireoidismo ou hipertireoidismo — e anatômicas, como o surgimento de nódulos. Esses nódulos são comuns e geralmente benignos, com apenas cerca de 12% dos casos evoluindo para câncer.
Entre os sinais de alerta que exigem avaliação médica estão o crescimento rápido de um nódulo, rouquidão persistente, dificuldade para engolir e inchaço nos gânglios do pescoço. O histórico familiar de câncer e a exposição à radioterapia na infância também aumentam o risco.
Apesar dos cuidados necessários, especialistas ressaltam que o câncer de tireoide tem altos índices de cura, especialmente quando diagnosticado precocemente — cenário que mantém boas perspectivas para a recuperação de Éverton Ribeiro.