Salvador, 8 de dezembro de 2025
Editor: Chico Araújo

Suor excessivo nas mãos e axilas pode atrapalhar vida pessoal e profissional

A hiperidrose, condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, é mais do que um simples incômodo. Para a vendedora técnica baiana Pryscilla de Sá Pequeno (34), o suor excessivo nas mãos e axilas foi uma barreira na vida pessoal e profissional por muito tempo. No último mês de abril, porém, após se submeter a uma cirurgia conhecida como simpatectomia, ela experimentou uma grande transformação. Caracterizada pelo suor excessivo além do necessário para regular a temperatura corporal, a doença afeta cerca de 3% da população e pode ser hereditária. Em muitos casos, o impacto na autoestima e nas atividades diárias costuma ser significativo.

 

Transpirar é algo normal para o ser humano. A função do suor, basicamente, é o controle da temperatura do corpo. Por isso, é natural suar quando a temperatura do ambiente se eleva ou durante a prática de exercícios. No entanto, na hiperidrose, o que ocorre é um quadro de suor excessivo, principalmente localizado nas axilas, palmas das mãos, plantas dos pés e/ou face em diferentes combinações.

 

De acordo com o cirurgião torácico Pedro Leite, especialista no tratamento da doença, a hiperidrose é classificada como primária quando não existe uma causa subjacente. Neste caso, ela costuma surgir precocemente na infância e é frequentemente localizada nas mãos e axilas, causando constrangimentos sociais, dificuldades no trabalho e em situações cotidianas, o que pode desencadear problemas como ansiedade e depressão. “Com frequência, os pacientes com a doença relatam, por exemplo, evitar apertos de mão e outras situações que necessitem de contato por estarem frequentemente com a pele úmida”, destacou o médico.

 

Durante a avaliação clínica, é muito importante diferenciar esse quadro da chamada hiperidrose secundária, que acomete o corpo mais difusamente e está relacionada a doenças endócrinas como diabetes, hipertireoidismo, doenças neurológicas, medicamentos ou até mesmo à alimentação. Nesse caso, a identificação da causa básica e o acompanhamento com o especialista adequado é essencial para a resolução do problema.

 

O diagnóstico da hiperidrose é clínico, baseado nos sintomas referidos pelo paciente, sendo desnecessária a realização de exames complementares. O tratamento cirúrgico (simpatectomia) é indicado em casos de hiperidrose palmar e axilar refratária a tratamentos clínicos. “Esse procedimento, minimamente invasivo e seguro tem proporcionado resultados positivos para pacientes como Pryscilla, que agora experimenta uma vida sem o constante incômodo do suor excessivo”, explicou Pedro Leite, que é diretor do Núcleo de Cirurgia Torácica do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR).

 

Além da cirurgia, existem outras opções de tratamentos para a hiperidrose, como medicação oral, cremes tópicos, toxina botulínica, entre outros, com graus variáveis de eficácia e satisfação. De maneira geral, esses tratamentos clínicos são considerados temporários, pois a interrupção do uso dos medicamentos está associada ao retorno dos sintomas. A toxina botulínica também tem o seu efeito diminuído com o tempo, sendo necessárias novas aplicações, além de ter um custo muito alto.

 

Segundo Pedro Leite, o tratamento mais efetivo, com melhor resultado e efeito duradouro, é a simpatectomia, cirurgia realizada por uma técnica minimamente invasiva (videotoracoscopia) através de uma ou duas pequenas incisões abaixo da axila. “O procedimento é seguro e com um alto índice de satisfação dos pacientes. A principal complicação da cirurgia é a possibilidade de sudorese compensatória, definida como o aumento da transpiração em outras áreas do corpo, como dorso, nádegas e coxas. A indicação e técnica cirúrgica precisas diminuem bastante o risco dessa complicação”, pontuou o cirurgião.

 

Superação – Pryscilla de Sá Pequeno (34) percebeu desde muito pequena que seu suor era excessivo. Suas mãos suavam muito e realizar as tarefas mais simples da escola podia ser bastante constrangedor. Atividades, testes e provas sempre ficavam molhadas. “Não me sentia à vontade para me aproximar muito das pessoas, muito menos em cumprimentá-las por medo de rejeição ou alguma brincadeira fora de hora. Na adolescência, o suor nas axilas aumentou significativamente e passei a evitar lugares quentes, blusas fechadas e encontros sociais”, contou.

 

Na vida adulta, a hiperidrose continuou incomodando, deixando-a distante de apresentações ou palestras em que pudesse ser o foco das atenções, pois sempre transpirava de uma forma exagerada e isso era perceptível para outras pessoas. “Deixei passar algumas oportunidades pelo medo e constrangimento que a hiperidrose me causava”, declarou a vendedora. Pryscilla não tentou nenhum outro tratamento alternativo antes da cirurgia. Ela conta que leu muito sobre o assunto e sabia que nada mais resolveria de fato o seu problema. “Não queria perder tempo. Até fiz uso de alguns desodorantes específicos para suor, nos pés e mãos, mas nunca foram efetivos”, pontuou.

 

Depois da simpatectomia, Pryscilla se declara muito satisfeita pessoal e profissionalmente. “Meu pós-cirúrgico foi super tranquilo, não tive dores anormais ou nada que não fosse controlado pelas medicações. Sentir minhas mãos e axilas secas está sendo indiscutivelmente uma das melhores sensações dos últimos tempos. Hoje, sinto que tenho suado mais abaixo dos seios, barriga e pernas, mas nada que me incomode como as mãos, axilas e pés, onde também tive uma melhora significativa, mesmo sabendo que seria um bônus da cirurgia”, concluiu.

 

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