Salvador, 8 de dezembro de 2025
Editor: Chico Araújo

Porque a PGR pediu condenação de Bolsonaro e mais sete réus por trama golpista

A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete acusados por participação em uma trama golpista que visava impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nas alegações finais do processo, apresentadas antes do julgamento marcado para terça-feira (2), o procurador-geral da República, Paulo Gonet, apontou Bolsonaro como líder da organização criminosa e “principal articulador e maior beneficiário” das ações.

Segundo a PGR, Bolsonaro teve conhecimento e apoiou a chamada “minuta do golpe”, decreto que previa medidas para sustar a posse de Lula, além do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que incluía a intenção de assassinar o petista, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Os réus no processo

Além de Bolsonaro, a denúncia envolve:

Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;

Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;

Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil;

Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha;

Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin;

Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens e delator premiado.

O grupo é acusado de articular medidas para manter um governo autoritário, com tentativas de ruptura violenta da ordem democrática.

Base das acusações

De acordo com o procurador Paulo Gonet, a denúncia está fundamentada em um “amplo conjunto probatório”, que inclui manuscritos, mensagens, planilhas e arquivos digitais. O material, segundo ele, demonstra que os acusados buscavam:

Impedir o funcionamento dos Poderes da República;

Depor um governo legitimamente eleito;

Promover depredações contra prédios públicos, em referência aos ataques de 8 de janeiro de 2023.

“O caso não pode ser analisado como fatos isolados, mas como uma sequência de ações voltadas a uma finalidade malsã”, destacou Gonet.

Papel de Bolsonaro

O procurador afirmou que Bolsonaro usou a máquina estatal para disseminar ataques às instituições e ao sistema eleitoral. Entre os exemplos citados estão a suposta “Abin paralela”, criada para espionar autoridades e adversários, e documentos apreendidos pela Polícia Federal que mostrariam diretrizes para ataques coordenados às urnas eletrônicas.

Uma live feita por Bolsonaro, na qual ele questionava a segurança do voto eletrônico, foi incluída como parte da estratégia para difundir desinformação e estimular descontentamento social. Conversas extraídas do celular do tenente-coronel Mauro Cid também foram usadas como provas.

A PGR ainda apontou que operações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Nordeste, no dia do segundo turno, foram utilizadas para dificultar a votação em áreas de maioria oposicionista. Já os acampamentos em frente a quartéis teriam sido incentivados para criar pressão por uma intervenção militar.

Crimes imputados e pedido de condenação

A PGR pede a condenação dos réus pelos crimes de:

Organização criminosa armada;

Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;

Golpe de Estado;

Dano qualificado;

Deterioração de patrimônio tombado.

Além das penas, o Ministério Público solicita que os acusados sejam obrigados a reparar os danos causados, conforme prevê o Código de Processo Penal.

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