Salvador, 11 de dezembro de 2025
Editor: Chico Araújo

Osteoporose cresce em silêncio e desafia diagnóstico precoce

No Dia Mundial (20/10), especialistas reforçam importância da prevenção e do tratamento para evitar fraturas graves

O avanço silencioso da osteoporose volta ao centro das atenções neste 20 de outubro, data em que se celebra o Dia Mundial da Osteoporose. A doença, que enfraquece os ossos e aumenta o risco de fraturas, atinge cerca de 10 milhões de brasileiros e é responsável por aproximadamente 400 mil fraturas por fragilidade a cada ano. Com o envelhecimento populacional, especialistas alertam que o número de casos tende a crescer se não houver ampliação das ações preventivas e dos diagnósticos precoces.

A reumatologista Vanessa Fonseca, coordenadora do serviço de Reumatologia do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS), explica que a osteoporose é marcada pela perda progressiva da densidade e da qualidade dos ossos, o que os torna mais frágeis e suscetíveis a fraturas mesmo em quedas simples. “O grande desafio é que muitos pacientes só descobrem a doença depois de uma fratura. Precisamos mudar essa lógica e tratar a osteoporose como condição crônica, que exige acompanhamento regular”, afirma.

A doença é mais comum em mulheres após a menopausa, devido à queda dos níveis de estrogênio, mas também pode afetar homens, sobretudo após os 70 anos. Outros fatores de risco incluem histórico familiar, deficiência de cálcio e vitamina D, sedentarismo, tabagismo, uso prolongado de corticoides e doenças crônicas, como as reumáticas e as endócrinas. “Quando há múltiplos fatores de risco — por exemplo, mulher na pós-menopausa, com baixo peso e uso contínuo de corticoide — o acompanhamento deve ser intensificado”, ressalta a médica.

O diagnóstico é feito, principalmente, pela densitometria óssea, exame que mede a densidade mineral dos ossos. O resultado é comparado a padrões de referência e, quando o índice T-score é igual ou inferior a -2,5, confirma-se o quadro de osteoporose. Exames laboratoriais complementares também ajudam a identificar causas secundárias e avaliar o risco de fraturas.

O tratamento combina mudanças no estilo de vida, suplementação e medicamentos específicos. Alimentação rica em cálcio e vitamina D, prática regular de exercícios com carga, abandono do tabagismo e prevenção de quedas são medidas essenciais. Em alguns casos, o uso de medicamentos como bifosfonatos, denosumabe e moduladores hormonais é indicado. “O tratamento deve ser individualizado. O objetivo é reduzir o risco de novas fraturas e preservar a autonomia do paciente”, explica Vanessa.

Apesar dos avanços terapêuticos, a subnotificação ainda preocupa. Estima-se que apenas uma parte dos pacientes com fraturas por fragilidade receba o diagnóstico ou tratamento adequado. Relatório recente da Fundação Internacional de Osteoporose (IOF) aponta que, sem ações preventivas, o número de fraturas no Brasil pode aumentar até 60% até 2030.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Veja também

Portugal e Brasil
Brasileiros foram mais da metade dos deportados em Portugal, diz jornal
Mais da metade dos estrangeiros deportados de Portugal em 2024 e 2025 eram brasileiros: 236 dos 411 casos...
Hugo_Calderano_b207aec8e2
Calderano é eliminado por Lebrun na estreia de simples do WTT Finals
Francês é o mesmo que superou o carioca na luta pelo bronze em Paris Número 3 do mundo, o carioca Hugo...
jornalistas
Entidades condenam, em audiência no Senado, cerceamento a jornalistas
Discussão foi proposta por Paulo Paim na Comissão de Direitos Humanos A ação violenta de policiais legislativos...
LULA
Lula decidirá sobre PL da Dosimetria quando texto chegar ao Executivo
Projeto de lei ainda terá de passar pela avaliação do Senado O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse...

Opinião

clube-da-esquina
Os sonhos não envelhecem: uma análise de “Clube da Esquina” e a resistência contra a Ditadura Militar