De pular corda a natação, atividades ajudam no desenvolvimento físico e mental, além de prevenir doenças como a obesidade
Uso de telas por longos períodos, ausência de brincadeiras fora de casa e consumo frequente de alimentos ultraprocessados. Esse combo integra a rotina de muitas crianças e acende um alerta para o sedentarismo. Com cada vez menos movimento, os efeitos começam a surgir antes mesmo da vida adulta, abrindo portas para diversos problemas de saúde.
“Caracterizado pela baixa frequência e intensidade de atividades físicas realizadas no dia a dia, o sedentarismo infantil se manifesta quando o tempo gasto em atividades passivas, a exemplo de assistir TV, jogar videogame, usar celular e ficar sentado por horas, é maior do que o tempo dedicado a movimentos corporais ativos, como correr, pular ou praticar esportes”, explica Gustavo Teixeira, personal trainer e professor do curso de Educação Física da UniFG, integrante do maior e mais inovador ecossistema de qualidade do Brasil: o Ecossistema Ânima.
A substituição de atividades reflete no levantamento nacional feito com base em dados do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a pesquisa, um em cada três brasileiros de 10 a 19 anos apresentam excesso de peso. Entre 2014 e 2024, a porcentagem de crianças e adolescentes com sobrepeso nesta faixa etária aumentou quase 9%.
Mas as consequências da condição vão além dos quilos extras. Estudos realizados pelo Ministério da Saúde, através da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), indicam o aumento do risco de obesidade, pressão alta, resistência à insulina, que pode evoluir para diabetes tipo 2, perda de força e potência muscular, prejudicando o desenvolvimento motor, e acúmulo de gordura no fígado. Os impactos também estão relacionados à baixa autoestima, assim como quadros de ansiedade e depressão.
Importância de mexer o corpo
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que, a partir dos 3 anos, os pais incentivem brincadeiras e tarefas que envolvam movimento durante o dia. Já a partir dos 6 anos é indicado fazer até uma hora de atividade física moderada, a exemplo de natação, futebol, basquete, ginástica, entre outras que ajudam na coordenação, fortalecimento dos ossos, socialização e expressão corporal.
De acordo com Gustavo Teixeira, o movimento é fundamental para o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social da criança. “Seus benefícios ultrapassam a infância, pois a atividade física atua como estímulo natural para a formação saudável do corpo e cérebro.”
O personal ressalta que o fomento não precisa partir apenas da prática de esportes, basta as opções serem lúdicas, variadas e seguras, respeitando a faixa etária e o nível de maturidade física e emocional dos pequenos. “Pular corda, andar de bicicleta, dançar e participar de jogos em família são possibilidades espontâneas e recreativas. O importante é que a criança associe movimento a prazer e diversão, e não a uma obrigação”, afirma.
Inserção na rotina
Para combater o sedentarismo, toda a família pode mudar hábitos e adotar um estilo de vida mais ativo. O professor da UniFG lembra que, como as crianças costumam aprender pelo exemplo, quando os adultos ao seu redor se exercitam, elas tendem a enxergar esse comportamento como algo natural e seguir pelo mesmo caminho. A fim de auxiliar os pais ou responsáveis, o profissional traz algumas dicas para incluir o movimento no cotidiano dos pequenos:
Opte pelo lúdico, transformando o momento em brincadeira. Exemplos: caça ao tesouro, circuitos com obstáculos, desafios;
Valorize o esforço e a constância, não o desempenho;
Limite o tempo de telas, especialmente à noite;
Proponha diversas atividades, alternando entre individuais e coletivas, ao ar livre e em grupo.