A Dra. Camila Ventura alerta que levar mais tempo para enxergar ao sair de um ambiente claro para um escuro é um dos sintomas da doença ocular
Principal causa de cegueira genética, a retinose pigmentar é um grupo de doenças hereditárias raras que afetam a retina, tecido localizado no fundo do olho fundamental para a visão. Mais precisamente, esta doença afeta os fotorreceptores, que são células da retina responsáveis por captar a luz do ambiente e a transformam em sinais elétricos que são transmitidos ao cérebro pelo nervo óptico, para formar as imagens que vemos.
A Dra. Camila Ventura, oftalmologista do Hospital de Olhos de Pernambuco, o HOPE, explica que “inicialmente a retinose pigmentar causa a degeneração dos bastonetes, que são os fotorreceptores responsáveis pela em baixa luz e visão periférica. Por isso, um dos sintomas iniciais é a chamada “cegueira noturna”, em que a pessoa leva mais tempo para enxergar ao sair de um ambiente claro para um escuro”.
A médica alerta que “outro sinal da doença é quando a pessoa começa a esbarrar em razão da redução da visão lateral. E nas fases mais avançadas, a visão central também pode ser afetada”. De acordo com a especialista, “na maioria dos casos a retinose pigmentar não tem uma cura definitiva e seu avanço pode ser lento ou muito rápido, dependendo da mutação genética apresentada”.
As alterações que impedem que as células da retina funcionem de maneira adequada podem ser herdadas dos pais ou surgir espontaneamente. O diagnóstico é feito por meio de um exame detalhado do fundo do olho em busca de características típicas da enfermidade, como alteração do brilho da retina, afinamento das camadas da retina, presença de depósitos de pigmento, estreitamento dos vasos, entre outras. O oftalmologista também pode solicitar exames complementares para confirmar a doença ocular.
“Hoje temos opções de tratamento para melhorar a qualidade de vida do paciente através de auxílios ópticos, tecnologia assistiva e terapias de reabilitação. Em alguns casos, o paciente pode se beneficiar de vitamina A em doses controladas, mas é importante que haja acompanhamento médico. Outro foco do tratamento são as complicações associadas, como catarata ou edema macular, além da reabilitação visual, para maximizar a visão existente”, esclarece a Dra. Camila Ventura.
A especialista destaca que “já existem terapias em teste para tipos específicos de mutações que provocam a retinose pigmentar, e muitas outras estão em desenvolvimento. O teste genético é crucial para indicar quem pode se beneficiar dessas novas tecnologias, prever a progressão da enfermidade e direcionar o tratamento”. A doença geralmente surge na infância, adolescência ou início da idade adulta e afeta cerca de 50 mil pessoas no Brasil, segundo estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS).